terça-feira, 20 de outubro de 2009

O SOL NO MARMELEIRO
















































Os dois sóis do marmelo

Madrid, começo do outono: Antonio López decide-se a pintar o toque suave do sol da manhã sobre as folhas e os frutos do marmeleiro no jardim de sua casa e convida o realizador Víctor Erice para filmá-lo enquanto pinta.
Para pintar o sol no marmelo o pintor constrói uma espécie de aparelho de olhar : pequenas pinceladas no tronco, nas folhas e nos frutos do marmeleiro ; cordéis suspensos no ar ; pregos fincados no chão para indicar a posição do cavalete que sustenta a tela e a distância entre a tela e o pintor. Estas marcas no chão e no espaço compõem a imagem; limitam, enquadram o que será pintado. O pintor traça uma moldura ou visor virtual : o cordel diante do marmeleiro, os traços e cruzes nas folhas e frutos da árvore só fazem sentido para os olhos do pintor.
O quadro não se conclui. O outono chuvoso esconde as cores que o pintor queria pintar. Sem o sol, ele decide retratar a árvore e os frutos num desenho em preto e branco, projeto igualmente abandonado. A chuva mais forte nos dias seguintes torna impossível desenhar no jardim, diante do marmeleiro.
El sol del membrillo, de Víctor Erice (1992) documenta a pintura que não se conclui e por isso mesmo, de modo radical, reafirma que num filme o que se vê não é exatamente a reprodução do que realizador viu, mas sim o olhar do realizador. Como aqui o realizador olha um personagem que olha (não vê o que ele vê : vê como ele constrói o seu olhar) talvez seja possível dizer que o diretor diante do pintor vê como um espectador vê quando tem diante se si um documentário.
E talvez se possa dizer também que o quadro não concluído se conclui no filme. Uma fusão entre cinema e pintura, El sol del membrillo realiza o sonho partilhado de López e Erice.


O Sol do Marmeleiro
El Sol del Membrillo de Víctor Erice
com Antonio López García, Marina Moreno, Enrique Gran, María LópezArgumento Víctor Erice, Antonio López García Fotografia Javier Aguirresarobe, Ángel Luiz Fernández Música Original Pascal Gaigne Origem Espanha 1992 Duração 133’ Classificação M/121992 - 133'
Víctor Erice deixa que se passem anos entre as suas obras. Mas de cada vez que as dá a conhecer, elas nos surpreendem. Já pertencentes à história do cinema, "O Espírito da Colmeia" e "O Sul" são filmes singulares e representativos, não só da trajectoria do seu realizador, como também de uma época de Espanha. Íntimos e quentes são, no entanto, filmes muito fortes. A sua última obra, "O Sol do Marmeleiro" foi exibida perante o imperturbável desinteresse dos distribuidores, que não a consideraram suficientemente comercial. Imagem gravada noutra imagem, dois seres, dois criadores ansiosos por suspender a vida, por capturá-la e ofertá-la. Antonio López, reconhecido pintor espanhol, é o tema filmado por Víctor Erice. Por sua vez, Antonio López escolhe um outro sujeito para imortalizar, o marmeleiro plantado há anos no pátio de sua casa. Construído como um documentário, em que os personagens representam-se a si próprios e as acções filmadas são as que realizam, o filme de Erice vai para além do género clássico de namorar a ficção, oferecendo-nos um objecto diferente daquilo a que, como espectadores, estamos habituados a receber.A câmara regista os preparativos para a tela, o ambiente familiar, os amigos, os operários, os ruídos da vizinhança... O cuidado de Erice no detalhe permite-nos seguir cada um dos seus passos. A observação cuidadosa, a escolha do ângulo, a demarcação do espaço. Pinceladas nos frutos, nos muros, determinam marcas precisas aos olhos do pintor. A extensão das linhas e o uso de prumo servem para definir os traços que darão equilíbrio ao modelo, permitindo representá-lo de forma quase perfeita na tela. Antonio López usa um ritmo que procura encerrar o modelo em limites precisos, o ponto de observação preso entre os fios que delimitam a árvore, assim como o ângulo de visão determinado pela posição dos pés, fixos ao solo, que imobilizam o corpo. O marmeleiro no Outono deve a sua luz aos fugazes raios de sol que López tenta perpetuar. Assim, Erice oferece-nos uma doce luta entre o pintor e o passar do tempo que ameaça tirar-lhe a possibilidade de concluir a sua obra. Lópes segue diariamente uma realidade concreta. O amadurecimento dos frutos, futuramente mortos, estabelecendo-se assim uma relação intimista com essa morte, à qual desafia diariamente para a vencer no decorrer do tempo. Cinema e pintura expõem-se assim como o veículo necessário para mostrar uma dupla realidade: a da árvore de frutos, e a do pintor em frente à sua obra. Luta súbtil contra o inexorável, visível no processo de amadurecimento da árvore, imperceptível no envelhecimento do homem. O esforço para captar um momento. A pintura retém a vida. O cinema junta-lhe movimento. No entanto, é esse movimento que nos expõe a realidade do perecível, esse transcorrer que promete a morte a todos os seres vivos. Partindo de uma necessidade similiar - a intenção de capturar um instante da vida - o cinema e a pintura oferecem-nos duas situações contrastantes. A pintura expressa o momento de maior esplendor do marmeleiro. O cinema oferece-nos a sua decadência. E assim, o cinema permite-nos observar a impotência do pintor, que enfrentando o passar do tempo e as inclemências do clima, se vê limitado a pintar um modelo, sem o conseguir na totalidade. Os sons ambientais que caracterizam o dia da semana que decorre - domingos agradáveis, segundas-feiras ruidosas -, assim como as notícias provindas do rádio ajudam-nos a emoldurar, em cinema, ao pintor e ao seu modelo. É um enquadramento real, histórico, documental. No entanto, as visitas que López recebe enquanto pinta, as conversas com os operários estrangeiros, foram previstas no guião, detalhe necessário para entender o namoro de Erice com um género ambíguo que se balança entre o documentário e a ficção. A simplicidade do filme apoia-se no seu desenvolvimento cronológico, no ritmo pausado, demorado na observação e enriquecido através de pontuais reimpressões elípticas fundidas a branco. O Sol do Marmeleiro conta com uma ordem crescente, na qual estão claramente delimitados os papéis da pintura e do cinema. Erice faz um discurso honesto, um compromisso com a realidade. Tanto a oferecida pelo marmeleiro ao pintor, como a do pintor em frente à câmara cinematográfica, obtendo assim o espectador uma experiência lúcida, na qual as duas realidades se conjugam perante os seus olhos.
Neste filme O Sol do Marmeleiro, Victor Erice oferece-nos o tempo necessário para acompanhar a lenta gestação de um único quadro do pintor Antonio López García. Aqui, o cinema amplia a nossa capacidade de percepção e compreensão da criação plástica.

NUNCA DEVE AQUECER ÁGUA NO MICROONDAS

Mandaram-me este mail hoje. Eu por acaso já sabia que acontecia este fenómeno quando se aquece apenas água no microondas e se lhe junta nescafé. Como está num português do Brasil muito mau, resolvi melhorá-lo, pois é muito importante que se saiba:
NUNCA DEVE AQUECER ÁGUA NO MICROONDAS!!
Há 5 dias, o meu filho de 26 anos, decidiu tomar uma chávena de café instantâneo ( tipo Nescafé) Pôs uma chávena com água para aquecer no microondas (o que já tinha feito antes, em várias ocasiões). Não sei exactamente por quanto tempo o programou, mas disse-me que queria que a água fervesse. Quando o tempo acabou , e o microondas parou, ele tirou a chávena do forno microondas.
Enquanto olhava a chávena deu-se conta que a água não estava a ferver; mal colocou o Nescafé, a água saltou directamente para seu rosto. Ele soltou-a das mãos logo que a água saltou para o seu rosto devido à energia acumulada.
Tem queimaduras de 1º e 2º graus em todo o rosto, e é muito provável que o rosto fique com cicatrizes e muito marcado. Além disso, perdeu parcialmente a visão do olho esquerdo.
Enquanto estávamos no hospital, o médico que o atendeu, comentou que este tipo de acidentes eram muito frequentes e que nunca se deveria pôr apenas água a aquecer no microondas. Se se aquece água desta forma, deve-se sempre pôr algo dentro da água, como um palito de madeira ou uma saqueta de chá, mas se se vai aquecer somente a água é melhor usar o fogão a gás.
Um professor de física respondeu à minha questão com esta resposta:
“Obrigado por me enviar a mensagem advertindo-me acerca da água aquecida no microondas.
Soube de vários casos. Isto é causado por um fenómeno conhecido por “ super-aquecimento” .
Pode acontecer em qualquer momento em que a água está a aquecer... especialmente se o utensílio que se está a usar é novo. O que acontece é que a água aquece muito mais rápido que as borbulhas que começarão a formar-se. Se a chávena é nova, não tem nenhum raspão ou ranhura por onde as borbulhas possam escapar e possam começar a borbulhar na água que já está a ferver, de tal maneia que a água vai aquecendo ultrapassando a temperatura para ferver (como quem diz ferve...e ferve... e ferve....). O que acontece então é que a água se obstrui, fica estancada e em contacto com o ar, a água salta com muita força devido à energia contida, dentro da chávena.”
NUNCA DEVE AQUECER OU FERVER ÁGUA NO MICROONDAS!!