tag:blogger.com,1999:blog-22868984537548506872024-03-05T09:37:48.876-08:00O Blogue da Zu BaleiroAPROVEITO ESTE BLOG PARA ESCREVER OS MEUS TEXTOS; TAMBÉM O USO PARA COLOCAR FOTOS, PENSAMENTOS, ESCRITOS E OUTRAS COISAS QUE EU ENCONTRE DE INTERESSE PARA OS MEUS AMIGOS QUE O VISITAM.Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.comBlogger413125tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-11437008791528905842023-02-27T13:40:00.000-08:002023-02-27T13:40:35.556-08:00A vida de um sem-abrigo de Albufeira: «Eu não tenho dinheiro e sou feliz» <p><br /></p><p>A vida de um sem-abrigo de Albufeira: «Eu não tenho dinheiro e sou feliz»</p><p>POR KAROLINA DUNETS • 25 DE DEZEMBRO DE 2020 -9:26</p><p><br /></p><p>O dia a dia de um mendigo nas ruas de Albufeira que gosta da vida que leva</p><p>O senhor José Manuel e o seu fiel amigo Poppy – Foto: Karolina Dunets | Sul Informação</p><p>Tem 53 anos, quinze dos quais vividos como pessoa sem-abrigo nas ruas de Albufeira, acompanhado pelo seu fiel amigo patudo Poppy. Para eles, é uma luta diária conseguir algum dinheiro e alimento. Apesar das dificuldades, afirma que é uma vida que gosta de viver.</p><p>06/02/23, 18:56 A vida de um sem-abrigo de Albufeira: «Eu não tenho dinheiro e sou feliz» | Sul Informação</p><p>https://www.sulinformacao.pt/2020/12/a-vida-de-um-sem-abrigo-de-albufeira-eu-nao-tenho-dinheiro-e-sou-feliz/?print=1 2/8</p><p>José Manuel Coelho dos Santos é um homem de bom coração e muito solitário, nascido em Paderne (concelho de Albufeira), onde também viveu até aos seus 16 anos.</p><p>Conta que foi abandonado pelo próprio pai, o qual casou com outra mulher e foi viver para a Alemanha. Aos 7 anos, perdeu a mãe deforma trágica. «Cheguei da escola e vejo a minha prima com o tio a chorar, não me diziam nada, não quiseram dizer. Quando soube, chorei tanto, tanto, tanto», recorda.</p><p>Apesar de uma vida de criança tão atribulada, fez a 4ª classe e, em seguida, foi trabalhar para uma fábrica em Paderne, para conseguir ajudar a sustentar as suas duas irmãs mais novas.</p><p>Na altura, recorda, trabalhou muito. Não gostava do que fazia, até porque foi muitas vezes enganado, não lhe pagavam e parecia um escravo, nem tempo tinha para descansar.</p><p>«Meti-me no álcool e nas drogas, e, aos poucos, fui descendo atéchegar aqui onde estou agora», conta o sem-abrigo.</p><p>No entanto, acrescenta, agora não bebe e não consome drogas, apenas fuma e mesmo assim não gasta dinheiro em tabaco, porque o pede a quem passa. «Um maço de tabaco custa 4,90 euros, quase 5euros e com esses 5 euros eu consigo comer bem».</p><p>06/02/23, 18:56 A vida de um sem-abrigo de Albufeira: «Eu não tenho dinheiro e sou feliz» | Sul Informação</p><p>https://www.sulinformacao.pt/2020/12/a-vida-de-um-sem-abrigo-de-albufeira-eu-nao-tenho-dinheiro-e-sou-feliz/?print=1 3/8</p><p>Foto: Karolina Dunets | Sul Informação</p><p>Durante quinze anos, viveu nas ruas, uma vida que admite que é "difícil». Mas nos dois últimos anos, habita numa casa velha, sem luz água.</p><p>Conta que juntou algum dinheiro e comprou uma fechadura para a casa e que tem sido uma grande sorte ninguém o expulsar de lá. A casa pertence a uma pessoa que atualmente vive em Lisboa e que, de vez em quando, vem ao Algarve.</p><p>Mas este alojamento precário poderá não durar muito: o dono da casa já lhe disse que esta será posta à venda em breve, o que deixa o senhor José Manuel um pouco preocupado, pois o lugar onde costuma dormir é «seguro» e ali não há chances de ser assaltado.</p><p>06/02/23, 18:56 A vida de um sem-abrigo de Albufeira: «Eu não tenho dinheiro e sou feliz» | Sul Informação</p><p>https://www.sulinformacao.pt/2020/12/a-vida-de-um-sem-abrigo-de-albufeira-eu-nao-tenho-dinheiro-e-sou-feliz/?print=1 4/8</p><p>Quando está a mendigar nas ruas, já passou por situações de pessoas que lhe roubavam moedas e começavam a correr: «eles roubam e correm, eu não vou atrás. O mal que eles fazem vão receber de volta", diz.</p><p>Por estas e por outras, o senhor José Manuel não confia muito nas pessoas e, quando consegue dois ou três euros em moedas, guarda-as logo para não voltar a passar por situações iguais.</p><p>Para conseguir algum dinheiro, o senhor José acorda cedo e vai para o seu lugar habitual no centro da cidade de Albufeira, pedir ajuda às pessoas que passam por lá. Senta-se num dos lados da rua e mete à sua frente um chapéu, onde as pessoas mais generosas deixam algumas moedas.</p><p>Este ano, conta, tem sido muito difícil, pois quem mais lhe dá dinheiro para comprar comida são os turistas. Quando lhe oferecem, almoça num restaurante, outras vezes come no supermercado, outras nem almoça.</p><p>«Às vezes, as pessoas chegam perto de mim e oferecem-me comida que eu não consigo comer, porque não tenho dentes. E eu nego. Eles dizem que sou “fino”, mas eu não consigo comer, agradeço muito, mas sinto-me mal por não poder aceitar certos alimentos».</p><p>O Poppy – Foto: Karolina Dunets | SulInformação</p><p>06/02/23, 18:56 A vida de um sem-abrigo de Albufeira: «Eu não tenho dinheiro e sou feliz» | Sul Informação</p><p>https://www.sulinformacao.pt/2020/12/a-vida-de-um-sem-abrigo-de-albufeira-eu-nao-tenho-dinheiro-e-sou-feliz/?print=1 5/8</p><p>A higiene fá-la nas casas de banho públicas da baixa de Albufeira, tem alguma variedade de roupas e sapatos que pode trocar e, assim que pode, lava a sua roupa na lavandaria perto do McDonald’s de Albufeira.</p><p>Com a atual situação de Covid-19, o mendigo muitas vezes é expulso do seu lugar habitual pelas autoridades, mas acaba por voltar porque tem «mesmo de ganhar algum dinheiro». Só que já tem sido chamado à atenção pela polícia, levado para a esquadra ou mesmo multado.</p><p>«Eles não têm culpa, apenas cumprem o seu trabalho. Os culpados são os de cima», comenta.</p><p>O senhor José Manuel passa os dias sozinho, mas sempre na companhia do seu cão, que encontrou no lixo dentro de um saco, há treze anos. Apesar de ser mendigo, tem uma boa relação com as pessoas que vivem e trabalham no centro de Albufeira e que já o conhecem.</p><p>Às vezes, uma das suas irmãs que vive nos Olhos d’Água vem visitá-lo para saber como se encontra. Já o tentou acolher na sua casa, mas o senhor José Manuel diz que gosta de ficar sozinho.</p><p>Também já houve várias instituições que o tentaram acolher, mas ele esclarece que não aguentou ficar lá por muito tempo. «Eu gosto desta vida, posso andar onde quero, sou livre…o único problema é a fome, a fome custa muito».</p><p>Com o pouco que tem, considera-se uma pessoa feliz: «ou tu és feliz ou tu és rico. As pessoas que têm dinheiro tornam-se más, egoístas, capazes de fazer muito mal pelo dinheiro. Eu não tenho dinheiro e sou feliz».</p><p>Fotos:</p><p>Karolina Dunets | Sul Informação</p><p> 06/02/23, 18:56 A vida de um sem-abrigo de Albufeira: «Eu não tenho dinheiro e sou feliz» | Sul Informação</p><p>https://www.sulinformacao.pt/2020/12/a-vida-de-um-sem-abrigo-de-albufeira-eu-nao-tenho-dinheiro-e-sou-feliz/?print=1 1/8</p>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-49407726080845363532023-02-27T13:00:00.001-08:002023-02-27T13:07:28.848-08:00POEMAS DE NATÁLIA CORREIA <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA-jQ-Qce-ccbr5f7IhaYRIEHC_bfar_8jN_vRMMBIAc4tMmAPJIW4tE3atFLq8vEQcJFn-VLv_1g_RtK3epFToKVddiMEtn10nUthZ2Np47DH6zeMwMGdfBnwBmRBbSChKKsHJgt-vjq3Au93YkVbYAp6XCtQhhSHy-j9s3vzMwA7o4FBRUHIpagp/s1430/Nat%C3%A1lia%20Correia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1089" data-original-width="1430" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA-jQ-Qce-ccbr5f7IhaYRIEHC_bfar_8jN_vRMMBIAc4tMmAPJIW4tE3atFLq8vEQcJFn-VLv_1g_RtK3epFToKVddiMEtn10nUthZ2Np47DH6zeMwMGdfBnwBmRBbSChKKsHJgt-vjq3Au93YkVbYAp6XCtQhhSHy-j9s3vzMwA7o4FBRUHIpagp/s320/Nat%C3%A1lia%20Correia.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; margin: 15pt 0cm 7.5pt; mso-outline-level: 2;"><span face=""Helvetica","sans-serif"" style="color: #002060; font-size: 22.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">De Amor nada Mais
Resta que um Outubro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 22.5pt; margin-bottom: 0cm;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="color: #002060; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">De amor nada mais resta que um Outubro<br />
e quanto mais amada mais desisto:<br />
quanto mais tu me despes mais me cubro<br />
e quanto mais me escondo mais me avisto.<br />
<br />
E sei que mais te enleio e te deslumbro<br />
porque se mais me ofusco mais existo.<br />
Por dentro me ilumino, sol oculto,<br />
por fora te ajoelho, corpo místico.<br />
<br />
Não me acordes. Estou morta na quermesse<br />
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie<br />
nem teus zelos amantes a demovem.<br />
<br />
Mas quanto mais em nuvem me desfaço<br />
mais de terra e de fogo é o abraço<br />
com que na carne queres reter-me jovem.<br />
</span><span style="color: #002060; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
<i>Natália Correia, in “Poesia Completa”</i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; margin: 15pt 0cm 7.5pt; mso-outline-level: 2;"><span face=""Helvetica","sans-serif"" style="color: #002060; font-size: 22.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Ode à Paz<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 22.5pt; margin-bottom: 0cm;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="color: #002060; font-size: 14pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,<br />
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,<br />
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,<br />
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,<br />
Pela branda melodia do rumor dos regatos,<br />
<br />
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,<br />
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,<br />
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,<br />
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,<br />
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,<br />
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,<br />
Pelos aromas maduros de suaves outonos,<br />
Pela futura manhã dos grandes transparentes,<br />
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,<br />
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas<br />
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,<br />
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,<br />
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.<br />
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,<br />
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,<br />
Abre as portas da História,<br />
deixa passar a Vida!<br />
<br />
<i>Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"</i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; margin: 15pt 0cm 7.5pt; mso-outline-level: 2;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="color: #002060; font-size: 14pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 15.0pt; margin: 15pt 0cm 7.5pt; mso-outline-level: 2;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="color: #002060; font-size: 14pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">BILHETE PARA O AMIGO
AUSENTE<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 22.5pt; margin-bottom: 0cm;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="color: #002060; font-size: 14pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Lembrar teus carinhos induz<br />
a ter existido um pomar<br />
intangíveis laranjas de luz<br />
laranjas que apetece roubar.<br />
<br />
Teu luar de ontem na cintura<br />
é ainda o vestido que trago<br />
seda imaterial seda pura<br />
de criança afogada no lago.<br />
<br />
Os motores que entre nós aceleram<br />
os vazios comboios do sonho<br />
das mulheres que estão à espera<br />
são o único luto que ponho.<br />
<br />
<i>Natália Correia, in "O Vinho e a Lira"</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-51989673632736442982023-02-16T14:44:00.001-08:002023-02-16T14:44:48.520-08:00ADEUS Amiga Soube há pouco tempo que tinhas morrido. Fiquei em choque, pois ainda nao tinhas idade para partir.<div>Na nossa amizade tivemos altos e baixos. Houve alguns momentos em que sentíamos que não combinávamos e afastámo-nos. Um dia, fui a um concerto na Sé de Lisboa e à saída encontrámo-nos. Adorei ver-te. Disseste-me que o teu filho tinha falecido com uma overdose. Fiquei tão chocada. Éramos duas mães sofridas. Eu com o coração destroçado pela morte súbita da minha filha Marta, tu ainda incrédula do choque que tinhas sofrido há pouco tempo. </div><div>Recomeçámos a nossa amizade. Precisávamos uma da outra. Reatámos a nossa amizade, telefonávamos com assiduidade .</div><div>Um dia, a casa bonita e boa que tinhas na Praça Pasteur por um descuido teu, deixaste um cigarro meio apagado que pegou fogo à casa. Ficaste sem nada. Tudo ardeu. Mais um choque terrível para ti. Não tinhas onde viver. Foste para casa da nossa amiga Riso. Um tempo depois alugaste uma casa.</div><div>Moravas perto da Riso, eram vizinhas, estavas contente.</div><div>Fizemos um workshop de 15 sessões, aos sábados e Domingos. Víamo-nos com frequência. Dávamos-te boleia para Sintra. Comprei-te um pijama com bonecos do Mikey e mais algumas peças de roupa pois tu tinhas preciso de tudo. Quando te telefonava dizias-me: " sabes o que tenho vestido? O pijama do Mikey, pareço uma criança! " e riamo-nos as duas. Estavas contente e o workshop fez-nos bem e aproximou-nos muito. </div><div>Contavas-me coisas da tua vida. Moravas na Penha de França e tinhas como vizinhas umas idosas que te adoravam. </div><div>Não me tenho esquecido de ti. Partiste para sempre. Adeus minha amiga Maria Alexandre. <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQVCV1_cCbWHwvQqAGdjCbKxhZjDQUoEi6CHn4DsVHyGIa8dyKH4itxFHdsQWbZJw7Yq9SjQSuK7kpFCIMfUmx0a0_qA3sIgO01GWL1OmO9MwXoHmrgKlZ_i2wVtzeh01ce6HhkUVGlLo/s1600/1676587483353718-0.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQVCV1_cCbWHwvQqAGdjCbKxhZjDQUoEi6CHn4DsVHyGIa8dyKH4itxFHdsQWbZJw7Yq9SjQSuK7kpFCIMfUmx0a0_qA3sIgO01GWL1OmO9MwXoHmrgKlZ_i2wVtzeh01ce6HhkUVGlLo/s1600/1676587483353718-0.png" width="400">
</a>
</div></div>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-75159812810979194022023-02-16T12:25:00.001-08:002023-02-16T12:25:38.004-08:00OS SEM-ABRIGO<p> </p><p class="MsoNormal"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A TI FLORINDA - LAVADEIRA<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Desde que me lembro, que sempre
em minha casa, como nas casas dos meus avós paternos e minha avó materna, se
repartia com os mais necessitados. Não havia reformas nos anos 50/60 do século
passado e por isso, as pessoas trabalhavam até serem muito velhinhas. A minha
avó Bárbara, apesar de não ter muito, repartia o pouco que tinha pelos mais
pobres. Lembro-me da lavadeira (não havia máquinas de lavar) ser uma mulher
muito idosa, que lavava a roupa no tanque do quintal. No Inverno, a água no
tanque criava uma camada de gelo, a que chamávamos “caramelo”, que tinha que se
partir para se chegar à água líquida. As mãos ficavam geladas, vermelhas e
tolhidas com o frio. Minha avó, que tinha sempre lume feito na chaminé, chamava
a ti Florinda e esta gelada de frio, sentava-se ao lume para se aquecer. Minha
avó dava-lhe uma tigela de café e pão com queijo, marmelada ou “ argolas” da massa
do pão; a ti Florinda bebia o café e comia e depois ia logo para o tanque lavar
a roupa. À hora do almoço, a minha avó chamava-a, ela sentava-se de novo ao
lume na chaminé e dava-lhe uma grande tigela de sopa quente, que ela comia regalada.
Era uma pessoa muito reconhecida com as atitudes da minha avó, e por isso,
quando a minha avó estava sozinha, ela ia fazer-lhe companhia, dizia-se “dar o
serão”, e voltavam a beber café com leite e pão com qualquer “ conduto”, e
assim, a ti Florinda ia para a sua pobre casa muito fria, de tecto de telha vã
e portas que deixavam entrar o ar gélido da noite, um pouco mais confortada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Diariamente, aparecia a ti
Rosária Espanhol, velhinha e sem qualquer sustento. A minha avó dava-lhe uma
tigela de sopa, café e pão com o que houvesse. Era visita da casa só para
comer, ficava um pouco à conversa e depois ia para casa dela. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><u><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ti Jacinto Pavão<o:p></o:p></span></u></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O meu avô paterno tinha um monte, chama-se o Monte do Sesmanito.
Pegado ao monte havia uma casa pequena, com chaminé, onde se guardavam os
utensílios da lavoura e a fruta que era apanhada e guardada em cima de palha,
para durar todo o inverno. Apareceu em Casa Branca, um homem, que nós achávamos
já de meia-idade, mas provavelmente ainda era novo, hoje seria considerado “um
sem-abrigo” que era o ti Jacinto Pavão. Não trabalhava e bebia muito, dormia
onde calhava. Todos na aldeia o conheciam, pois ele não fazia mal a ninguém. Então,
os meus avós levaram-no para o monte, puseram uma cama de ferro nessa casa e
ele começou aí a viver. Fazia lume na chaminé para se aquecer e aí dormia.
Ajudava o meu avô nos trabalhos da horta, mas com pouca habilidade e com muita
preguiça, o meu avô estava sempre a chamá-lo à atenção. À hora das refeições, a
minha avó ia levar-lhe o pequeno- almoço, o almoço e o jantar, e a fruta comia
a que lhe apetecesse. Quando nós, crianças estávamos no monte, era um de nós a
ir levar o comer ao ti Jacinto Pavão. Não tínhamos medo dele, apesar do seu
aspecto maltrapilho e do cabelo e da barba sempre grandes. Ele tinha por nós
respeito e amizade. Quando o meu avô envelheceu e deixou de tratar do monte, o ti
Jacinto Pavão ficou sem sítio onde se abrigar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O meu bisavô materno, que já tinha
falecido há muitos anos, tinha um pequeno monte numa courela, que distava de
Casa Branca, 1Km ou 1, 5km e o ti Jacinto Pavão começou a ir abrigar-se ali.
Pedia esmola de porta em porta e algumas vezes, o meu pai dava-lhe trabalhos
leves nos armazéns, como varrer, lavar ou regar as flores e pagava-lhe, logo
ele ia gastar esse dinheiro em vinho. Não conheci esse montinho, que servia
para guardar as alfaias agrícolas e pouco mais.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um dia, o ti Jacinto Pavão
devia estar bêbado e com frio, fez um lume grande dentro do monte, e este
começou a arder. Sem ter ninguém, por perto para o ajudar, deixou arder o monte
todo, para grande desgosto da minha avó materna, dos meus tios e da minha mãe,
pois o meu bisavô, já velhinho apoiado num cajado, ia quase todos os dias a
essa courela buscar fruta e sobretudo figos, das poucas árvores que ainda
resistiam, ao calor do verão e ao frio do inverno, sem serem tratadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><u><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">OH PATROA!<o:p></o:p></span></u></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A minha tia materna viveu na
Moita. Então havia um sem-abrigo que ia ao 3º andar pedir esmola. Um dia, ela
perguntou-lhe se ele queria uma tigela de sopa quentinha, ao que ele respondeu,
muito prontamente, que sim. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Assim, duas vezes por semana,
ele entrava no prédio, subia até <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ao 3º
andar, batia à porta da minha tia e chamava: -“Oh patroa!” , “ oh patroa” e a
minha tia lá ia dar-lhe a tigela de sopa quentinha, que ele comia sentado nos
degraus da escada. Agradecia muito e dizia: “Até pr’a semana, patroa!”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A tigela e a colher eram sempre
as mesmas, estavam ao lado do lava-louças e nós já sabíamos que era a tigela do
“Barbas”, nome que nós lhe pusemos. Durante anos, ele foi ali comer, e ontem,
telefonei a minha tia para saber o nome deste sem-abrigo e a minha tia disse-me:
-“ Não sei! Vê - lá que nunca lhe perguntei como se chamava!...” <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quando foi morar para o
Barreiro, também começou a dar a sopa quentinha a um sem –abrigo, que lhe
chamava “-Senhora!”. Ela morava no 2º andar, ele entrava no prédio, batia-lhe à
porta, chamava “Senhora! Oh senhora” e lá vinha a minha tia dar-lhe a grande
tigela, que já tinha sido do outro sem –abrigo <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da Moita, cheia de sopa quentinha. Sentava-se,
nos degraus da escada, comia, ficava muito satisfeito, agradecia e dizia-lhe: -“,
Obrigada senhora! Então até para a semana!...”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Muito mais tinha para contar,
mas fico por aqui. Ainda hoje, tenho muito respeito pelos sem-abrigo e ajudo
sempre que me é oportuno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">USMM<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Massamá 16 Fevereiro 2023<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Zuzu Baleiro<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #0070c0; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-39648472243619934272023-02-07T12:52:00.003-08:002023-02-07T12:52:36.663-08:00PARTISTE HÁ 28 ANOS...<div style="text-align: left;"> <span style="font-size: x-small;">Minha querida Marta <br /></span><span style="font-size: x-small;">Era uma segunda-feira como hoje, um sol radioso e quente de inverno. Dia 6 de fevereiro, faz hoje 28 anos, fomos-te levar à tua última morada.<br /></span><span style="font-size: x-small;">Havia muita gente.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Eu fiquei junto do caixão aberto e tu parecias dormir, linda, muito branca com os lábios cor de rosa, parecia que sorrias.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">À volta as pessoas comentavam como estavas linda, nos teus 21 anos, parecias sorrir.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Despediste-te da Terra com um sorriso no rosto morto.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Terrível, terrível aqueles poucos momentos que passei junto de ti. Aquela imagem perdura no meu pensamento. Como foi possível deixar-te partir para sempre. Não sei como aguentei tamanha mágoa, que até hoje perdura, 28 anos já passados... Tenho tantas saudades tuas!</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Esta noite passada, não consegui dormir, vi tudo acontecer como num filme, num drama... porquê tu, minha linda Marta, tão boa, tão meiga, tão estudiosa, tão especial?</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Porque nos deixaste este sofrimento, impossível de esquecer a todos aqueles que te adorávamos?</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Sei que não me irás ler...mas tenho que escrever-te... as saudades são tantas... hoje serias uma linda mulher de 49 anos, trabalhadora, responsável, talvez casada e mãe de filhos. Infelizmente, partiste para todo o sempre, com os teus 21 anos, feitos 15 dias antes.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Tu não merecias partir tão cedo, nós não merecíamos sofrer tanto.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Saudades... muitas saudades ... </span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;">Mãe Zuzu</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: x-small;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj26HD14nYbjDPQgbUCxVLLaYo3OT1-cI5DhiqJJKcFoyhEIb96f8OA2R0ZRFMP4PEyLt1C3WNy6zit6oXeqfrIF5DCTFfKmCfFZpjv_z0ZpTUb37PYBIH_yM35zIYHi1zGIjTZEc9Z7H3pXlfhiFyGpkQ5keIJ-BhIlZ9_WK4HP61Au9X_ULLv6hj0/s2070/Marta%20primeiro%20ano%20em%20Beja.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2070" data-original-width="1488" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj26HD14nYbjDPQgbUCxVLLaYo3OT1-cI5DhiqJJKcFoyhEIb96f8OA2R0ZRFMP4PEyLt1C3WNy6zit6oXeqfrIF5DCTFfKmCfFZpjv_z0ZpTUb37PYBIH_yM35zIYHi1zGIjTZEc9Z7H3pXlfhiFyGpkQ5keIJ-BhIlZ9_WK4HP61Au9X_ULLv6hj0/s320/Marta%20primeiro%20ano%20em%20Beja.jpg" width="230" /></a></div><br /><span style="font-size: x-small;">MARTA PRIMEIRA FOTO QUANDO CHEGOU A BEJA NO ANO DE 1992</span></div>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-11324740936847435822022-12-17T09:53:00.000-08:002022-12-17T09:53:13.136-08:00NÃO SEJAS ASSIM TÃO NERVOSA!!!!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span>NÃO SEJAS ASSIM TÃO NERVOSA!!!! </span><br />
<span>NÃO PÁRAS DE ENERVAR AQUELES COM QUEM VIVES E TU PRÓPRIA SENTES QUE NÃO DEVIAS SER ASSIM... </span></div><div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><span>PRECIPITADA... </span></div><div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><span>PERDER AS ESTRIBEIRAS POR UMA MERDINHA DE NADA...</span><br />
<span>DEVES TENTAR CONTAR ATÉ 10 ANTES DE EXPLODIRES... </span><br />
<span>DE BOAS INTENÇÕES ESTÁ O INFERNO CHEIO!!!</span></div><div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><span> ELA OUVIA TUDO AQUILO E AINDA TINHA MAIS VONTADE DE EXPLODIR, DE DIZER A TODAS AS PESSOAS QUE LHE DAVAM CONSELHOS BEM INTENCIODOS, QUE TUDO NÃO</span><span> PASSAVA DE UMA TRETA. SE TIVESSEM A VIDA DELA, DE CERTEZA QUE SE SENTIRIAM TAMBÉM ASSIM, RAIVOSOS COM A VIDA!! REVOLTADOS COM AS SITUAÇÕES ESCABROSAS A QUE ESTAVA SUJEITA... REVOLTADOS COM AS SITUAÇÕES INESPERADAS QUE LHE ACONTECIAM, SEMPRE QUE FAZIA A TENTATIVA DE ANDAR MAIS CALMA.</span><br />
<span>AMANHÃ, VOU MUDAR... VOU ESTAR CALMA... NÃO VOU INCOMODAR-ME COM PEQUENOS NADAS... E ZÁS!!!... LÁ VINHA O ACIDENTE, O INSPERADO...</span><br />
<br />
<span>No dia 8 de Novembro de 2015, tinha a apresentação do livro da Marta na Casa do Alentejo, estava um pouco ansiosa, sabia que a sala era pequena e estava à espera de muitos amigos e conhecidos. Mas tentou superar isso e tentou acalmar-se. Esteve em casa durante o dia todo, inclusivamente, foi dormir um pouco para no dia seguinte estar mais bem disposta. Resolveu sair por volta das 17 horas, para beber um café. Mal tinha chegado à rua, telefonou-lhe o marido a dizer que fosse urgente para casa, pois tinha caído do escadote. Sentia-o nervoso. </span><br />
<span>Chegada a casa, viu o cotovelo e havia um buraco. Um buraco que teve que levar 4 pontos no centro médico dos SAMS. Sentia-se nervosa, a espera para serem atendidos, o ambiente hospitalar, o pensar que poderia ter sido muito pior... depois do tratamento , voltaram para casa... nervosos, ansiosos e ela pensava: que mais me irá acontecer?</span><br />
<span>A apresentação do livro Marta correu bem. A sala estava a abarrotar. A todo o momento pensava que deveria ter insistido com a direcção para lhe darem uma sala maior... até noutro dia,a apresentação poderia ter sido adiada! no final, uma amiga que acha que é muito amiga, veio dizer-lhe: " Tens que ter mais calma nestas apresentações! notava-se que não estavas bem, que estavas perturbada, e isso transmitia-se às pessoas!!!" Porra!!! Bolas !!! Merda!!! pensou: eu não sou de ferro... sou feita de carne e osso, apresentava o livro da sua filha Marta que morreu de morte súbita... havia na sala muitos amigos e amigas que tanto conviveram com a Marta...tinha que exprimir e sentir os seus sentimentos... e ninguém se interessou que umas horas antes estava nas urgências do hospital para ver o que tinha acontecido ao marido!!!</span><br />
<span><br /></span>
<span>No dia 21 de Novembro seria a apresentação do livro da Marta em Sesimbra. Há alguns meses que tudo estava planeado. Estava calma e tranquila pois quem iria fazer a apresentação do livro era uma amiga que escreve muito bem, fala bem e sabia que a apresentação seria muito boa.<br />Na 3ªf, anterior, dia 17, a mãe, de 88 anos, caiu no Lar de 3ª idade onde está durante o dia. Telefonaram-lhe, pensavam que não era nada de grave, mas teria que ir resolver o assunto. Resolveu levá-la, cerca das 15 horas da tarde, às urgências do Centro de Saúde de Estremoz, onde encontrou uma médica competente, atenciosa e interessada. Fizeram-se radiografias ao joelho e à perna e não se concluiu nada. Era necessário ir para um hospital distrital para verem o que na verdade a senhora de 88 anos tinha. Esperámos horas. A sala de espera repleta de gente. Ninguém nos vinha dizer nada. Finalmente, a mãe foi chamada para fazer novo raio x. Entrou com ela. Uma confusão lá dentro do serviço de urgência. Pareciam abelhas zonzas a sair e a entrar dos gabinetes, nem para nós olhavam, para não lhe dirigirmos a palavra, andavam de cá para lá e nós à espera para sermos chamados para a radiologia. Finalmente, fez-se a radiografia, esperámos e depois fomos chamadas ao gabinete de uma médica, uma jovem de pouco mais de 25 anos, espanhola, que nem se levantou da cadeira. A minha mãe na cadeira de rodas, eu em pé e ela sentada na sua poltrona de secretária disse que não via nada de partido no joelho (respirámos de alívio!) a médica nem sequer veio ver como estava o joelho, se ferido, se negro, se inchado. A minha mãe perguntou se podia pôr Voltaren em pomada, " Disse: - Não valia a pena! isso vai passar com o repouso!" </span></div><div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><span>Saímos dali às 22.30 horas. Viemos de táxi. Chegámos a Casa Branca por volta das 23.30h, quase meia-noite. Cansadas, saturadas e irritadas por tantas horas de espera. 9 horas para chegarmos a casa sem qualquer proposta de tratamento, indefesas perante a prepotência do sistema de saúde, cansadíssimas.</span><br />
<span>A minha mãe ficou em casa a recuperar até ao início da semana seguinte. O meu marido ficou com a minha mãe enquanto eu ia para Sesimbra, no Sábado dia 21 de Novembro para a apresentação do livro Marta. Como é que quem está a ler este post acha como eu me sentia? </span></div>
Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-84445115503019587532022-12-17T09:18:00.003-08:002022-12-17T09:36:09.471-08:00Pai Vitalino e Mãe Amélia<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkAv7zN0x2aXtujQC_SMHSFDUpRqMwWNTZ_ruvPiAWjLfk7DObEG4qGG_C3CKz_y5NvNLjkEnvxSx5pgDTIiHN33GkMfTxSOX06R1h-dGR4x-NlFBXb24X1y3xAK1OcB864OHlkVqGFG2Rz65t8WxwoYMweV6e9sRmP00avZ3XTG3jdZuBhSS7-qlz/s516/Vitalino%202008.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="516" data-original-width="383" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkAv7zN0x2aXtujQC_SMHSFDUpRqMwWNTZ_ruvPiAWjLfk7DObEG4qGG_C3CKz_y5NvNLjkEnvxSx5pgDTIiHN33GkMfTxSOX06R1h-dGR4x-NlFBXb24X1y3xAK1OcB864OHlkVqGFG2Rz65t8WxwoYMweV6e9sRmP00avZ3XTG3jdZuBhSS7-qlz/s320/Vitalino%202008.jpg" width="238" /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" class="placeholder" id="6f19ed3e8032c" src="https://www.blogger.com/img/transparent.gif" style="background-color: #d8d8d8; background-image: url('https://fonts.gstatic.com/s/i/materialiconsextended/insert_photo/v6/grey600-24dp/1x/baseline_insert_photo_grey600_24dp.png'); background-position: center; background-repeat: no-repeat; opacity: 0.6;" /></div><br /></a></div> Pai Vitalino<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvW-AeP8EJnDq5Co4oPyC8NKQxJgheMZGptZ4cPceCD77F4MA6zetGlq1QhnprCEbG3IEgZ-f5SunabwPYyL5F70gSDUAjdznrhkXLbprBLlKVZbDeAnKStdiSAJSoAJ6guQaxjXcElLcRpPRw0gPRc34SaG_3ZYz6Ip_5m-CrsN5So6sM4n-lr4Nz/s4320/fotografia%204.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2432" data-original-width="4320" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvW-AeP8EJnDq5Co4oPyC8NKQxJgheMZGptZ4cPceCD77F4MA6zetGlq1QhnprCEbG3IEgZ-f5SunabwPYyL5F70gSDUAjdznrhkXLbprBLlKVZbDeAnKStdiSAJSoAJ6guQaxjXcElLcRpPRw0gPRc34SaG_3ZYz6Ip_5m-CrsN5So6sM4n-lr4Nz/s320/fotografia%204.JPG" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mãe Amélia</td></tr></tbody></table><br /><u>Ladainha dos póstumos Natais</u><div><u><br /></u><div> <span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que se veja à mesa o meu lugar vazio</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que hão-de me lembrar de modo menos nítido</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que só uma voz me evoque a sós consigo</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que não viva já ninguém meu conhecido</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que nem vivo esteja um verso deste livro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que terei de novo o Nada a sós comigo</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que nem o Natal terá qualquer sentido</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">Há-de vir um Natal e será o primeiro</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">em que o Nada retome a cor do Infinito</span><br style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;" /><p></p><div><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Quicksand; font-size: 22px; text-align: center;">DAVID MOURÃO-FERREIRA</span></div></div></div>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-42404135343046625252022-12-17T09:05:00.005-08:002023-02-07T14:03:29.692-08:00SOLIDÃO<div style="text-align: left;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; text-align: justify;">Jerónimo
sentia o peso dos 87 anos, cada dia mais debilitado e triste.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">Sentia-se
sozinho, naquela casa humilde, mas sempre limpa, onde sempre vivera com a
mulher e a filha.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">Havia
oito longos anos, que Jerónimo perdera a sua companheira de 56 anos de casados.
Para ele tudo tinha terminado no dia em que Amália fora a enterrar.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif";"> </span><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">Exteriormente, a casa estava em derrocada, mas
ele não tinha nem dinheiro nem ânimo para a mandar restaurar. Com uma reforma
tão pequena, como se poderia aventurar a combinar com o pedreiro o restauro da
casa? Sabia que os vizinhos o criticavam por aquele desmazelo, mas “cada um
sabe da sua vida!” e ele sabia que não podia meter-se em aventuras dessas. Em
alimentação, em médicos e em medicamentos muito pouco lhe restava da reforma.
Dava para ir ao café beber um descafeinado e falar um pouco com quem lá
encontrasse. Procurava que lhe sobrassem algumas moedas num mealheiro
improvisado para dar à filha e ao genro, no Natal.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">A
filha casara muito nova e fora morar para Palmela. Arranjou trabalho como
recepcionista num dentista, e raramente vinha a casa do pai, pois ao Domingo
tinha que tratar da casa, das roupas e do marido.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">Jerónimo
trabalhara como funcionário público, nos ministérios do Terreiro do Paço
durante 38 anos. Na secção, todos o consideravam, com seu feitio calado e
reservado, era um funcionário rigoroso e responsável no seu trabalho. Os
colegas viam-no chegar sempre com aquele ar tristonho, mas de cumprimento
afável; com o jornal “o Século” debaixo do braço, que lera durante a travessia
do barco do Barreiro para Lisboa. Andava sempre com a camisa branca de neve,
gravata, as calças vincadas, chapéu e gabardine, pois a sua Amália fazia
questão e sentia orgulho de lavar, passar a ferro todas as semanas a pouca
roupa que ele tinha. Ela vinha sempre à janela fazer-lhe adeus, quando ele saía
para o emprego, logo muito cedo, vestido com a sua gabardine e chapéu.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">Nunca
tivera uma vida abastada, bem pelo contrário! O que valia era que a mulher era
muito poupada e organizada com o vencimento que ele lhe entregava no envelope
mensalmente. Para ele, ficavam apenas uns trocos, pois os únicos vícios que
tinha, era o tabaco e comprar o jornal diário. </span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">Naquele
dia, como em todos os dias, veio do café do bairro, meteu a chave à porta , entrou
em casa e encontrou-a </span><span style="font-family: Arial, "sans-serif";"> </span><span style="font-family: Arial, "sans-serif";">arrumada e limpa
como sempre a deixava, antes de sair. Nunca deixou de limpar os móveis, os
bibelôs, de fazer a cama, de lavar a loiça, de arrumar tudo como sempre a sua
Amália fizera.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Olhou e ficou surpreendido, pois, sentada no velho
sofá, tinha a visita inesperada da filha, àquela hora e num dia de semana…
porque teria ela vindo visitá-lo? </span></div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> </span></p><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">USMMA Zuzu Dezembro 2022</span></div><p>
</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><br /></div></div><br /><p></p>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-17302011765852627902022-12-17T08:46:00.000-08:002022-12-17T08:46:41.432-08:00O SAPO<p> Dois rapazes iam a andar pelo campo, no meio das ervas quando viram um sapo.</p><p>Olha um sapo! e que feio! vou matá-lo num instante e traçá-lo de meio a meio, que animal tão repugnante e não sei para que medra ( cresce) bicho tão feio e tão mau. Vou matá-lo com uma pedra e depois espeto-lhe um pau!</p><p>- Não o mates! porque o odeias e ofendes este animal? Matá-lo com tanto anseio, ele já te fez mal?</p><p> A mim não farás por ventura, não sabes?<span style="text-align: justify;"> </span> fazem muitas desgraças. Os que desta raça fazem muitas desventuras e causam muitas desgraças (frase confusa)</p><p>- 3x7 são 21, amanhã há mais, também é dia! </p><p>Idosa de 95 anos, analfabeta, utente do lar de Casa Branca - Sousel</p><div class="wDYxhc" data-md="61" lang="en-PT" style="background-color: white; border-radius: 8px; clear: none; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><div aria-level="3" class="LGOjhe" data-attrid="wa:/description" data-hveid="CBUQAA" role="heading" style="overflow: hidden; padding-bottom: 20px;"><span class="ILfuVd" lang="pt" style="font-size: 16px; line-height: 24px;"><span class="hgKElc" style="padding: 0px 8px 0px 0px;">Ter o <b>sapo</b> como <b>animal de poder</b> é, acima de tudo, um símbolo da pureza e da capacidade de limpeza e purificação da água, onde o <b>sapo</b> passa a maior parte do tempo de sua vida. Além disso, vem com a capacidade de juntar o melhor de dois mundos, já que o <b>sapo</b> transita bastante pela terra também.</span></span></div></div><div class="g" style="background-color: white; clear: both; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 1.58; margin: 0px; padding-bottom: 0px; width: 600px;"><div data-hveid="CBAQAA" data-ved="2ahUKEwjK2e6si4H8AhUvXaQEHSc6A0sQFSgAegQIEBAA" lang="pt"><div class="tF2Cxc" style="clear: both; padding-bottom: 0px; position: relative;"><div class="yuRUbf" style="font-size: small; line-height: 1.58;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img alt="" data-original-height="194" data-original-width="259" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjcaOkf3Kc8YjAe-jHQus5z8R9Task21kfJDLnfy9ZqZttl-Dh-LKTO_pZt4WfgTUb9CVSwWYZMdNGt1p-8QoBfRaAA63kJldJLdULkm4Q7aqaOeDrHO0W0JbMrbHvu7jW-idpz_QEuedZBUTA-_QE24Q1xDHVySY-RRc44zRV6LA8WaTpVfFsiiT3s" width="320" /></div><h3 class="LC20lb MBeuO DKV0Md" style="display: inline-block; font-size: 20px; font-weight: 400; line-height: 1.3; margin: 0px; padding: 5px 0px 0px;">Animais de poder: Sapo - Eu Sem Fronteiras</h3></div></div></div></div><p><br /></p><p><br /></p>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-43782663219302760032022-12-17T08:16:00.000-08:002022-12-17T08:16:04.981-08:00O MENINO E A LARANJA<p style="text-align: justify;">Um menino pequenino quis comer uma laranja que estava na laranjeira.</p><p style="text-align: justify;">Pulava. Saltava. Mas ela estava tão alta que ficou a pensar na maneira de chegar à laranja redondinha, uma bola tão lindinha!</p><p style="text-align: justify;">Vai ficando a pensar e esperando na maneira de lhe chegar. Quando veio o vento e a derrubou.</p><p style="text-align: justify;">Apanhou-a e comeu-a muito contente.</p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO5oafmktjjtJmmbAWPBvn1tlDDd18XVaZW0I0-lXJNuaUcZg7LEldMbSi6UKdKSptOgKDxkb8DTG4QXYOXuFsqpAvdEwN1x3q0B0isM945YyTiZ9pOU8KoxBgFDSUjgeLf_emJcdgxYPFUL37rM8sYg_twGC0pnmOJJ4bOSgDsuu_7ip_fRuiAdk4/s640/IMG_2066.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO5oafmktjjtJmmbAWPBvn1tlDDd18XVaZW0I0-lXJNuaUcZg7LEldMbSi6UKdKSptOgKDxkb8DTG4QXYOXuFsqpAvdEwN1x3q0B0isM945YyTiZ9pOU8KoxBgFDSUjgeLf_emJcdgxYPFUL37rM8sYg_twGC0pnmOJJ4bOSgDsuu_7ip_fRuiAdk4/w308-h320/IMG_2066.JPG" width="308" /></a></div><br /><br /><p></p><p style="text-align: left;">História contada por uma utente do Lar de Casa Branca-Sousel, com 93 anos.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p style="text-align: left;"><br /></p><p style="text-align: left;"><br /></p>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-9274573567048119062018-12-02T18:55:00.006-08:002023-02-07T14:01:07.778-08:00A CASA DA PRIMA ZINDA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;">Zuzu era uma criança alegre, muito amiga de conviver e adorava andar a brincar na
rua, ia a casa dos avós, visitava a avó viúva, brincava em casa das amigas mas o que
ela mais desejava, era estar fora de casa.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;"> Naquele tempo, com 7 ou 8 anos, era
aluna da escola primária. E sobretudo, à sexta-feira, tinha a obsessão de ir
brincar para casa da sua prima Zinda, que morava na parte de baixo da aldeia. Saíam as duas da escola e procurando
as ruas que as levavam a casa da prima, sem passar pela sua casa, lá iam elas, felizes e contentes, passar o resto da tarde</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;">e se possível dormir em casa da
prima.</span></div></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">A
tia Adozinda, mãe da Zinda, estava como habitualmente, sentada no lado de
dentro do balcão, junto à gaveta do dinheiro, num cantinho bem resguardado,
onde lia; só se levantava dali, para ir atender a cliente que chegava, depois
voltava para o seu poiso preferido, calma e tranquilamente, lendo o livro de romance, pois ela adorava ler. Era uma mulher muito forte, com umas grandes
ancas, pernas gordas, que recebia <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sempre Zuzu e Zinda com um sorriso lindo na sua cara muito redonda e sem rugas,
muito meiga, tranquila e simpática. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Zuzu e Zinda iam para a pequena cozinha, onde ardia o lume de chão; lanchavam, cheias de apetite, o pão </span><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman", "serif";">com manteiga e açúcar, com marmelada ou queijo, que tinha</span><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman", "serif";"> acabado de sair do forno de lenha do tio João Perninhas. Sentavam-se à camilha, junto do lume e faziam os
trabalhos da escola. Depois, se o tempo estivesse bom, iam para o quintal brincar
com o que lhes apetecesse. O quintal não se podia considerar muito bonito.
Havia muita lama e tinham que procurar um carreiro de pedra bem junto às
paredes para não ficarem atascadas. Uma grande meda de lenha ficava junto ao
portão, que dava acesso à outra rua e que servia para alimentar o forno, onde o
pão e os bolos eram cozidos de madrugada. A seguir à lenha havia mais lama e
depois o galinheiro. As galinhas estavam numa capoeira de rede, a meio do
quintal e Zuzu e Zinda entretinham-se tempos sem fim, a vê-las com os seus
pintainhos atrás da mãe, com os galarispos ou cocós que andavam sempre a
brincar uns com os outros, ou com os galos de crista vermelha e de cauda
adornada de lindas e grandes penas multicores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aquele quintal não era bonito, mas tinha
certos recantos maravilhosos. A tia Adozinda adorava flores! Mandava vir pelo
correio, sementes de todas as variedades, que ela semeava e via nascer e crescer
com toda a paciência. Havia muitos, muitos vasos, junto às paredes que ladeavam
o quintal, onde cresciam as sementes que tinham vindo de Lisboa ou do Porto. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">As crianças entretinham-se a ver em qual dos vasos despontavam as
primeiras folhinhas, e que mais tarde, seriam as flores maravilhosas do quintal.
Não lhes tocavam, pois sabiam como a tia Adozinda era ciosa com as suas flores. Na Primavera
ou perto do Verão, nasciam flores maravilhosas como amores-perfeitos, brincos
de princesa, gladíolos de todas as cores, cravos túnicos, estrelas imperiais e
muitas, muitas mais flores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">O
poço era outra das curiosidades do quintal, pois servia três casas. Umas paredes
pequenas, laterais, dividiam-no, uma parte para a casa onde sempre morara a minha bisavó Ana Rita, e que agora pertencia à Prima Joaquina Inácia, onde as criadas iam colocar grandes cestos cheios de garrafas para refrescarem, outra parte, para a
casa da tia Josefa Mercês e outra para a casa da tia Adozinda. Não era largo, era estreito, cada
vizinha tinha o seu caldeiro emborcado na parte que lhe cabia. Zuzu e Zinda adoravam ir para junto do poço, pois a qualquer momento, uma das
vizinhas vinha tirar dali água e elas adoravam falar com elas. Parecia um poço
e um local de bonecas, parecia um brinquedo, em comparação com o poço enorme,
rectangular e de paredes altas que existia no quintal de Zuzu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Quando
chovia ou fazia frio, elas iam brincar para a casa do forno. A
casa do forno ficava por cima da padaria. Tinha uma enorme semi-circunferência
bojuda e quente, que era a parte de cima do forno o qual ficava por baixo. Junto
às paredes, pois não havia muito espaço, sentadas no chão morno, brincavam às
casinhas, com as bonecas e os brinquedos de Zinda. Tanto brincavam que se
esqueciam do tempo passar. De tempos a tempos, aparecia uma vizinha com um
grande alguidar de roupa à cabeça, que ia estender por cima da cúpula quente.
Nos dias de inverno, as pessoas mais pobres tinham pouca roupa e secar a pouca roupa que tinham era muito problemático. Os
tios de Zuzu sempre se disponibilizaram para que as vizinhas ali secassem a
roupa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Zuzu nunca mais se lembrava da sua casa, nem se lembrava do que a esperava quando
voltasse. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">A
tia Adozinda insistia para que ela jantasse com eles. Ela não se fazia rogada.
O pai de Zinda, tio de Zuzu, a tia Adozinda, o primo Manuel Joaquim, Zinda e Zuzu e muitas vezes a empregada Gertrudes, sentados à camilha junto do lume que ardia na chaminé, jantavam calmamente e tranquilamente,
e Zuzu adorava sobretudo aquela canja de arroz com muito pouco caldo e como
segundo prato, a galinha corada com batatas fritas. Ia-se à loja buscar a fruta
da época, que lá havia para vender. Respirava-se um ambiente calmo e tranquilo.
O tio João, mal acabava de jantar, sentava-se numa cadeira baixa junto ao lume, a
tia lavava a loiça, o primo já crescido saía com os amigos e Zuzu e Zinda iam à pressa deitar-se, para quando o empregado dos seus pais a viesse buscar,
a tia Adozinda dizer-lhe que ela já estava na cama.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Ouviam bater à porta. Era o Chico, empregado da casa da Zuzu, que a vinha buscar a mandado da mãe. Ela ouvia a tia Adozinda a dizer ao Chico que ficassem descansados que ela já estava a dormir, e que ficava lá em casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">O
quarto ficava junto à mercearia, o cheiro era um misto de pão fresco, de batatas,
chouriços, bacalhau, fruta e tudo o que lá se vendia; aquela miscelânea de
cheiros entrava pelo quarto e ficava debaixo dos lençóis, Zuzu sentia-se num mundo diferente.
A cama de ferro, encostada à parede, onde dormiam as duas primas, ficava ao lado da
cama de madeira onde os tios dormiam, fazia parte da restante mobília<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de quarto. O tio deitava-se cedo, pois tinha
que se levantar às 4h da manhã para ir para a padaria fazer o pão. A prima
dormia, mas Zuzu ouvia-o a levantar-se, a acender o candeeiro a petróleo, a
deitar a água com o jarro na bacia, a lavar-se no móvel-lavatório de madeira
com a bacia incrustada, onde dos lados estavam penduradas as toalhas de rosto.
Por baixo, havia duas portas de madeira onde um balde estava guardado e para
onde caía a água suja da bacia. Cheirava a água fresca e a sabão. O quarto era
interior, e por isso durante a noite, a escuridão era absoluta. O tio vestia-se,
calçava-se e tossia e quando saía apagava o candeeiro e tudo voltava a ficar na
escuridão. Zuzu ouvia o respirar profundo da tia e da prima a
dormirem. Aos poucos, o sono voltava e ela adormecia. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">A manhã aproximava-se. Zuzu começava a ficar assustada, por uma vez mais, ter desobedecido à mãe, que
não queria que ela saísse da escola e fosse para casa da prima sem avisar. Zuzu sabia que se fosse pedir-lhe ela não a deixaria ir!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Os
nervos começavam a apoderar-se dela. Já não tinha prazer em comer o
pequeno-almoço com o pão acabadinho de cozer. Estava com medo. Pedia à prima
que fosse com ela levá-la a casa, pois talvez assim a mãe não lhe batesse. A
prima, muito bondosa e muito amiga, dizia-lhe que sim, que ela iria levá-la a
casa, talvez assim a mãe não lhe batesse tanto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">As
duas, muito juntas, lá iam a caminho da casa de Zuzu. Quanto mais se
aproximavam da casa, mais os nervos se apoderavam de ambas. As duas crianças iam
muito caladas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Chegavam. A mãe de Zuzu, normalmente, estava no quintal, sempre hiperactiva, sempre a
lidar de um lado para o outro, sempre a trabalhar. Via-as chegar e perguntava a Zuzu porque tinha ido dormir a casa de Zinda. Ela não sabia
responder-lhe. Sabia, apenas, que a vontade de ir para casa da prima era mais
forte que o medo de levar uma sova. Zinda tentava defender a prima, mas não
ganhava nada com isso. A tia Amélia, mãe da Zuzu, muito enervada, levantava-lhe as saias
curtas e dava-lhe palmadas e mais palmadas até se cansar. Zinda fugia dali,
não queria ver a prima a chorar. Zuzu ficava com os dedos da mão da mãe
marcados nas nádegas, durante horas. Doíam-lhe e ardiam-lhe as nádegas e
sobretudo questionava-se: - "Porque razão a mãe lhe havia de bater com tanta
raiva, quando ela não tinha feito nada de tão errado!" Ia chorar para o seu
quarto. Deitava-se na cama, de bruços e chorava, chorava até ficar exausta.
Sentia-se tão infeliz! Porque razão a mãe lhe batia assim? Uma das vezes, em
que Zuzu chegou da casa de Zinda, a mãe foi buscar uma corda grossa e
bateu-lhe com a corda, pois quando lhe batia com a mão, esta ficava-lhe a doer. Ela via </span><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman", "serif";">na cara bonita da mãe,</span><span style="background-color: white; color: #2b00fe; font-family: "times new roman", "serif";"> a expressão de raiva, de zangada, de fúria incontida .
Nem se atrevia a olhar para ela. Porquê aquela raiva? Porquê aquele ar de
zangada? Porquê aquela expressão de fúria nos seus olhos e na sua boca? Sentia-se
a menina mais infeliz à face da Terra. Pelo dia adiante, Zuzu parecia que
esquecera a sova. Ria e brincava com os seus brinquedos, como se nada fosse.
Contudo, no fundo do seu coração, bem lá no fundo, sentia que a mãe não gostava
dela, pois se gostasse não lhe batia tanto, como batia…</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #2b00fe; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;"><span style="background-color: white;">E
o pai não sabia de nada… chegava alegre e bem disposto, brincalhão como sempre …
a mãe nunca lhe disse, que naquela manhã, tinha dado mais uma sova a Zuzu… que adorava ir dormir a casa dos tios.</span><o:p style="font-size: 12pt;"></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #2b00fe;"><br /></span></div><span style="color: #2b00fe;">
Alentejo, 2 de Dezembro de 2018</span></div><div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><span style="color: #2b00fe;">alterado no dia 7 Fevº 2023</span></div>
Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-29700677978265210042017-11-23T13:10:00.001-08:002017-11-23T13:10:00.524-08:00Sinopse da Tertúlia de Abril 2014<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="https://www.youtube.com/embed/QmCwtY56I4g" width="459"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-26242223337676359322017-11-16T08:52:00.001-08:002018-01-18T09:20:01.730-08:00Abrindo um livro: Sintomas e fobias<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/KRVAZTCCK1w" width="480"></iframe></div>
Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-44763616044200095992017-11-16T08:48:00.001-08:002017-11-16T08:48:29.771-08:00Forest Oil Painting - Time Lapse<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/RiTsnuviKbM" width="480"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-5986121873046451902017-11-14T16:22:00.003-08:002017-11-14T16:22:49.155-08:0040 SIMPLE TRICKS THAT'LL TAKE YOUR LIFE TO A WHOLE NEW LEVEL<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/HKkb5d19LoE" width="480"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-81383863459903810202017-11-14T16:22:00.001-08:002017-11-14T16:22:14.786-08:0040 SMART REPAIR TIPS TO MAKE YOUR LIFE EASIER<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/RGu5L-OBG-w" width="480"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-44843399043010796622017-09-08T09:22:00.001-07:002017-09-08T09:22:50.044-07:00Eu Estudei na ESMTC | Testemunho de Igor Frota antigo aluno Curso MTC<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/PTQ91SqfkQg" width="480"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-61398906684365954742017-03-05T11:51:00.001-08:002017-03-05T11:51:48.304-08:00Classical Music for Spring<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/sfe3MUMdWKQ" width="480"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-90251578642232838342017-03-05T11:29:00.001-08:002017-03-05T11:29:15.005-08:00DAS LIED 2017 Finale | André Baleiro<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/mvC8HAE5teY" width="480"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-56720582182621523282016-01-22T17:39:00.001-08:002016-01-22T17:39:36.307-08:00André Baleiro<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/Vap2ybbnjUw" width="480"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-75339744388226649952015-12-13T11:45:00.000-08:002015-12-13T11:45:21.921-08:00DEVIA MORRER-SE DE OUTRA MANEIRA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXMFp57Z1yGAp8WKCXN9SUCS8hMsbf7EbyE7-Kd0LGwmARXJd1drF-MJPqBLow0R4Rk3bVsP4ZpQrwhicwathMPod1IdQLmgXyXkktxNoJRxiQV91Saovk0_frKZjwgKo_irPOyTNaRGc/s1600/nuvem.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXMFp57Z1yGAp8WKCXN9SUCS8hMsbf7EbyE7-Kd0LGwmARXJd1drF-MJPqBLow0R4Rk3bVsP4ZpQrwhicwathMPod1IdQLmgXyXkktxNoJRxiQV91Saovk0_frKZjwgKo_irPOyTNaRGc/s1600/nuvem.jpg" /></a>Terça-feira, 7 de abril de 2015<br />
DEVIA MORRER-SE DE OUTRA MANEIRA<br />
Devia morer-se de outtra maneira.<br />
transformamo-nos em fumo, por exemplo.<br />
Ou em nuvens.<br />
<br />
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol a fingir de novo todas as manhã, convocaríamos os amigos mais intimos com um cartão de convite para o ritual do Grande Desfazer: " Fulano de tal comunica ao mundo que vai transformar-se em nuvem hoje, às 9 horas. Traje de passeio."<br />
<br />
E, então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos escuros, olhos de lua de cerimónia, víriamos todos assitir à despedida. Apertos de mãos quentes. ternura de calafrio. "Adeus! Adeus!" E pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento, numa lassidão de arrancar raízes... ( primeiro, os olhos ... em seguida, os lábios ... depois o cabelo...) a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se em fumo... tão leve... tão súbtil .... tão pólen ... como aquela nuvem além (vêem?) - nesta tarde de Outono ainda tocada por um vento de láios azuis ...<br />
<br />
José Gomes Ferreira<br />
<br />
in blog de Rita Baleiro : http://como1livroaberto.blogspot.pt/2015/04/devia-morrer-se-de-outra-maneira.html<br />
<br /></div>
Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-9380577126376549892015-12-13T10:04:00.002-08:002023-02-07T14:02:15.058-08:00TEXTO DE CÉLIA PIRES<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidzDIl5AQhsmp6oRTYjbO3bgMGFwC2nFXl3Txavyt1EBxIF1tm65WV7G6pv8DxGL4YL5GfUgqXJB3x9gqiH9rUhuv61buhjEqU7wsmwwjvQVTsq7ovLFP1h6Q2Dt7Bn2jSp3QmRNcbqiQ/s1600/menina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidzDIl5AQhsmp6oRTYjbO3bgMGFwC2nFXl3Txavyt1EBxIF1tm65WV7G6pv8DxGL4YL5GfUgqXJB3x9gqiH9rUhuv61buhjEqU7wsmwwjvQVTsq7ovLFP1h6Q2Dt7Bn2jSp3QmRNcbqiQ/s320/menina.jpg" width="306" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="background: white; color: #141823; font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">Há encantos e
desencantos. Várias faces no mesmo ser. Há dúvidas e certezas. Mentiras e
verdades. Há dias e noites. Sombras e luzes. Há prantos e risos. Momentos de
ódio. Actos de amor. Há chuvas ácidas e granizos. Ventanias. Raios de sol
sublimados. Há mãos douradas. Abraços infinitos. Há luares abençoados. Mares
indefinidos. Há amizades perpétuas. Estios efémeros. Enganos indescritíveis. Há
instantes perdidos. Águas furtadas. Túneis amarelecidos. Há dores imensas.
Veleidades. Segredos adormecidos. Há ignorâncias exaltadas. Talentos
recolhidos. Há arco-íris. Palco. Máscaras. Injustiça desmedida. Há poesia
revelada. Retrato falado. Cântico sentido. Há vida. Morte. Há princípio. Fim.</span> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #141823; font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"><span style="font-size: large;">Célia Pires 14 de Dezembro 2015</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #141823; font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
</div>
Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-11752837214748159802015-12-13T09:48:00.001-08:002015-12-13T09:48:13.523-08:00António Variações - O Melhor de António Variações<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="https://www.youtube.com/embed/2XH5_qafR8k" width="459"></iframe>Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-35936203094731690482015-12-11T15:57:00.001-08:002015-12-11T15:57:46.330-08:00TERESA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não, não
iria cair na asneira de fazer o que na sua cabeça se formara há muito… morrer<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não tinha
coragem… era cobarde mesmo!!! Pensava nas diversas maneiras e entre tantas que
lhe surgiam, achava que todas elas eram estranhas e esquisitas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um saco de
plástico bem apertado à volta do pescoço, começar a respirar lentamente para
dentro do saco e aos poucos, muito aos poucos, começaria a desfalecer… talvez
fosse uma maneira… mas era demasiado banal…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Fazer um
cocktail de comprimidos, centenas deles, calmantes, antidepressivos, analgésicos
e outros que encontrasse na gaveta , batidos no liquidificador com fruta agradável,
como morangos, bananas, maçãs, limão, e beber de um trago um grande copo daquele sumo…
e depois…. Será que o estômago iria aguentar tanto liquido? o mais certo era
ter que vomitar tudo aquilo… não , não era a melhor maneira…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Enforcar-se,
pendurar-se de uma trave da casa numa
corda, mas nem sabia dar o nó? Nunca soube dar nós e ainda por cima, achava
horrível morrer de enforcamento, ficar ali pendurada a balouçar até que a
fossem encontrar… língua de fora… roxa…. olhos esbugalhados … também não era a
forma mais simpática que queria para morrer…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Com uma arma
de fogo????? Nem pensar!!!! Tinha horror a armas de fogo. Tinha horror ao
barulho do tiro. Tinha horror a pensar que ficaria com o corpo, ou melhor , a
cabeça toda estilhaçada…. sangue… miolos…. massa encefálica… tudo espalhado
pela divisão… e se não morresse? Pior ainda…. Pois ela pensava em morrer mesmo…
não queria ficar marcada para o resto da vida…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Teresa, conhecera há muitos anos uma mulher
que se quis suicidar com lixivia. Bebeu lixivia e o tubo digestivo ficou todo
queimado. E não morreu… <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> O esófago ficou de tal modo queimado que teve
que fazer uma cirurgia onde o esófago foi substituído pela tripa do intestino
delgado. Nunca mais teve saúde. Não podia comer quase nada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um dia, foi fazer uma endoscopia e descobriram-lhe
células cancerosas no intestino delgado que estava a fazer de esófago…sofreu
muito, foi operada várias vezes… e finalmente, depois de muito sofrimento para
ela e para a família, finalmente morreu… Durante mais de 15 anos, esta mulher
viveu num sofrimento enorme, e teve várias vezes oportunidade de dizer à
família que se tinha arrependido do acto estúpido de se suicidar bebendo
lixívia… Teresa sabia que nunca iria escolher esta forma de morrer!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sabia que havia muitas outras formas….
Mas agora não queria pensar em mais nenhuma… todas as achava escabrosas… uma
desagradáveis para ela, outras desagradáveis para quem a fosse encontrar… <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Iria continuar a ser cobarde… Afinal havia tanta gente a lutar pela vida… a
sofrer tratamentos terríveis para se manter à tona… e agora ela ia fazer esta
asneira??!!! O melhor seria esperar tranquilamente a hora… a hora que chega para todos… <o:p></o:p></span></div>
</div>
Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2286898453754850687.post-14925225560696895842015-12-11T15:19:00.002-08:002023-02-07T13:01:30.814-08:00ISABEL<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small;">ISABEL</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">Não sabia o que sentia. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">Um aperto no
peito, do lado do coração fazia-a respirar bem fundo, mas o oxigénio não
chegava lá.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"> Apetecia-lhe dar um grito, um aiiiiii, dar um grande aiiiii…! </span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">E dizia para si: mas
porque estou eu assim? Porque me apetece respirar tão fundo, dar um ai, que não
seria um ai, seria um grito, um grito de leoa ferida?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"> Mas não o poderia fazer… a vizinha do quintal
do lado ia assustar-se e ia querer saber a razão daquele grito. Daquele grito
que vinha bem cá de dentro… bem junto do coração…. Claro que saíra das cordas
vocais… mas ele tinha-se formado muito, muito mais lá no fundo… Do lado
esquerdo do coração que sentia tão apertado… junto ao buraco … aquele buraco
que se formara no dia em que a filha tinha partido, de um modo tão inesperado,
tinha partido para sempre, para o mundo sideral, para a estrela que a esperava
desde que nascera. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">Isabel nunca mais foi a mesma, e
sentia que em vez de se ter tornado mais meiga, mais tolerante, menos agressiva,
sobretudo nas palavras, cada vez se tornava mais agreste, mais revoltada, mais
zangada com a vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">Diziam-lhe: Não há vida sem romance…
e a maioria do romance é sempre bem negro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">Ela ouvia, mas não aceitava. Ouvia
quem a queria ajudar mas não conseguia que as palavras das amigas lhe ficassem
no cérebro… lhe mudassem a maneira de pensar ou de agir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">Tinha momentos em que lhe apetecia partir
tudo o que estava à sua volta, partir com um grande estrondo a grande tigela de
vidro, que sabia iria partir-se em mil pedacinhos, em mil pedacinhos que se espalhariam
pela cozinha, por baixo dos armários, por baixo dos pés, e que depois ainda ia
ter que apanhar, varrer todos aqueles vidros minúsculos que se esconderiam nos
locais mais incríveis! Não lhe apetecia varrer , queria descanso… queria estar
parada e calma, não lhe apetecia andar na cozinha a apanhar vidros despedaçados,
minúsculos, invisíveis, bicudos… prontos a espetarem-se-lhe nas solas das
pantufas e que se iriam alojar nos dedos dos pés, e de tão pequenos nem os
conseguiria ver… só sentiria a dor aguda que lhe provocavam… <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small; line-height: 115%;">Tinha alturas em que lhe apetecia ser
um pássaro e voar, voar e não mais voltar. Voar para um mundo onde não fosse
obrigada a sorrir, a conviver, a olhar os rostos alegres, tristes , amargurados
ou enrugados dos habitantes da vila. Não lhe apetecia ver ninguém… mas isso era
anti-social… tinha que dizer bom-dia, olá, cumprimentar e sorrir a todos por
quem passava.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: x-small; line-height: 115%;"> Interessava-se pela mulher
doente do homem da mercearia, por saber como o neto da senhora da retrosaria estava
a crescer, quantos dentinhos já tinha, se já gatinhava… e todos, por quem
passava, pensavam que ela estava bem,
que apesar do rosto carregado com que se olhava ao espelho e via os olhos
tristes e cansados, tinha conseguido ultrapassar a dor da perda da filha… e ela
tentava enganá-los... sorrindo, falando, ouvindo os seus problemas e os seus
lamentos… mas o que Isabel queria era não estar ali, queria estar fora daquele
pequeno mundo…<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-size: x-small;"><br />
</span><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: x-small;">Quando ia para perto do mar, olhava
aquela vastidão de água, olhava e pensava como seria fácil entrar por ali adentro, devagar, muito devagar, e começar a perder o pé, e a sentir que a água
iria entrar-lhe nos ouvidos, depois caminharia mais um pouco e ficaria submersa
naquela água salgada… e deixar-se-ia ir… e não se debateria porque o que ela
queria era ir… ir… ir... para lá do horizonte… mesmo que para isso tivesse que
engolir muita água, muita água salgada, amarga, amarga como era a sua vida…</span><o:p style="font-size: 14pt;"></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: x-small;"><br /></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="line-height: 115%;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGy7iMcUxGEdVuvsjYmsec6O2Ywihp81_klw16jzmxk4aPhHgqAwBgnqRkR87AOu8EwIWKo365hjrvEqEYy4OFFrZGtq4BWlXzP8ILaiYtZOExyoY-x7731P7Hns5M0LVC2od88HMRNaNRKqMlg0ofIpnJ5emvudXV5T6TnJKxTOAXi3b1HhRVrSf9/s240/anjo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="156" data-original-width="240" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGy7iMcUxGEdVuvsjYmsec6O2Ywihp81_klw16jzmxk4aPhHgqAwBgnqRkR87AOu8EwIWKo365hjrvEqEYy4OFFrZGtq4BWlXzP8ILaiYtZOExyoY-x7731P7Hns5M0LVC2od88HMRNaNRKqMlg0ofIpnJ5emvudXV5T6TnJKxTOAXi3b1HhRVrSf9/s1600/anjo.jpg" width="240" /></a></div><br /><span style="font-size: x-small;"><br /></span></span></div>
</div>
Zuzu-luz azul.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/17418562057861381912noreply@blogger.com0