terça-feira, 6 de outubro de 2009

LICORES - UMA ARTE MILENAR


Licores artesanais - Uma arte milenar

A palavra licor vem do Latim liquifacere, que significa liquefazer, dissolver. Isto refere-se às misturas que se empregam na fabricação da bebida e é com certeza isso que o torna uma bebida mágica.
Desde a origem do licor até aos nossos dias, que existem várias histórias relacionadas com casamentos, momentos românticos, bruxas, alquimistas e até filósofos, mas não se sabe o que é verdade e o que é a lenda.
Cerca de 2000 anos a.C., os egípcios e os gregos foram os primeiros povos a dominar as técnicas da destilação. Assim, naquela época, a bebida era usada para a cura de quase todos os males, era usada como elixir do rejuvenescimento ou poção do amor.
Hipócrates, que viveu na Grécia de 460 a 377 a.C., é considerado uma das figuras mais importantes da história da saúde, e por isso é considerado “ o pai da medicina”. Hipócrates era um asclepíade, isto é, era membro de uma família que durante gerações praticara os cuidados em saúde. Alguns documentos escritos na época de Hipócrates, falam-nos que os anciãos destilavam ervas e plantas para o seu próprio uso, na cura de enfermidades ou como tonificantes. Hoje sabemos que o Kummel e a Menta ajudam na digestão. Por todos estes factores, os licores estiveram sempre associados à medicina antiga e à astrologia medieval, eram denominados de elixires, bálsamos e mais tarde de licores.
Durante os séculos IV, V e VI da nossa era, as receitas de licores ficavam confinadas aos laboratórios de alquimia e aos mosteiros, no maior dos segredos! Os monges e freiras dos mosteiros, por serem grandes cultivadores de ervas com finalidades terapêuticas, acabaram por criar grandes e famosos licores, como o Benédictine e o Chartreuse.
Bénédictine é um licor francês de grande qualidade e talvez um dos mais antigos do mundo.
Começou a ser produzido em 1510, na Abadia de Fecamp, em França, Os monges dessa abadia guardaram, durante anos, sigilosamente, a sua receita. O local foi saqueado durante a Revolução Francesa e a fórmula do Bénédictine ficou desaparecida até 1863, data em que um comerciante local a descobriu.
Hoje, o licor é fabricado por uma firma particular da zona da Normandia e pensa-se que pouco ou nada tem a ver com a receita dos monges. Contudo, sabe-se que o actual fabricante continua a guardar o segredo da sua fabricação. Devido ao sigilo que envolve este licor, apenas se sabe que na sua fabricação entram várias dezenas de plantas, sendo usado o processo de maceração e destilação. A dosagem do conhaque que entra na sua fabricação tem que ser exacta para que resulte o licor Bénédictine, que é um óptimo digestivo. No rótulo da garrafa aparecem as iniciais D.O.M. que correspondem à frase latina : Deo Optimo Maximo, ou seja, “ Para Deus, o maior e o melhor”.
O Chartreuse é também um licor francês muito conhecido e cuja fabricação é um segredo não divulgado pelos monges da Grande Chartreuse, convento localizado nos arredores da cidade de Grenoble, em França. Diz-se que na sua composição entram inúmeras ervas, entre as quais a erva-cidreira, o isopo, macis ( cobertura da noz-moscada), canela e açafrão.
Os licores como os conhecemos hoje, só começaram a ser produzidos por volta do ano 1250 ( Séc. XIII ) , quando o químico catalão Arnold de Vila Nova escreveu um tratado sobre a infusão de ervas no álcool. Vila Nova foi o primeiro a escrever receitas de licores medicinais.
Na Itália, na Idade Média, (Séculos XI a XIV) era costume plantar uma nogueira quando nascia uma menina. O crescimento da árvore e da menina eram acompanhados com muito zelo pelos familiares. Quando a menina atingia a idade adulta e se ia casar, cortava-se a árvore e da sua madeira faziam a cama para o casal. Das nozes dessa nogueira era feito um licor chamado “nocello”, que é hoje famoso em todo o mundo.
Nessa mesma época, os licores surgiram como experiência de médicos e alquimistas que os empregavam para efeitos medicinais, na forma de elixir e afrodisíacos.
Existem três tipos distintos de licores: fabricados com uma única planta, os que são elaborados com um único tipo de fruta, e os que resultam da mistura de duas ou mais frutas ou plantas ao mesmo tempo.
Benevento era uma cidade do enclave papal e de acordo com a lenda, o lugar onde as bruxas de todo o mundo eram recolhidas. As bruxas produziam um licor com a mistura de várias ervas, resultando uma poção mágica. Disfarçavam-se de donzelas e iam dar de beber o seu licor aos habitantes. Segundo a lenda, os casais que bebessem juntos esse licor jamais se separariam. Essa poção é o famoso licor “Strega” ( que significa bruxa em italiano). Esta lenda existe até aos nossos dias. O termo Strega deriva da palavra latina Strix que significa Ave Noturna.
O Licor Strega tem a sua origem nesta cidade de Itália, desde 1860 e são produtores a família Alberti. A ideia de fabricar este licor surgiu a partir de uma receita antiga. O licor é feito com 70 ervas (secretas) de todo o mundo; é feito a partir da infusão e destilação destas ervas secretas. Bebe-se após as refeições ou é usado como ingrediente na culinária.
Este licor de sabor inigualável, é um licor típico italiano, doce e saboroso, tão encantador quanto a lenda que o cerca.
No Brasil, a fabricação de licores artesanais constitui uma actividade desenvolvida por um grande número de famílias, desde a época das velhas fazendas coloniais. O hábito de servir licor foi conservado no Brasil, por influência europeia. Com a grande variedade de frutas existentes neste país, começaram a surgir novas receitas como os licores de pitanga, tamarindo, jenipapo e outros.
Os licores que antigamente eram servidos após as refeições, actualmente passaram a ser servidos antes como drinques ou coquetéis, e entram como temperos de pratos de culinária doces e salgados.
Quando assistimos a filmes e telenovelas da época colonial, vemos os senhores das grandes fazendas bebendo e deliciando-se com pequenos cálices de licor, após uma farta refeição, como já dissemos, esta é uma grande herança europeia aos brasileiros.
Além de um óptimo digestivo, o licor é uma bebida rica em histórias, sabores, heranças e principalmente alquimia. Isto prova que quando juntamos um, dois ou mais ingredientes é possível transformar uma simples bebida numa delícia para a alma.

Sugiro que faça você mesmo este simples e delicioso licor de café.
LICOR DE CAFÉ - receita típica do estado do Espírito Santo.
INGREDIENTES
500 GR DE CAFÉ TORRADO EM GRÃOS,
2 LITROS DE AGUARDENTE,
1 1/2 LITRO DE ÁGUA,
1 KG DE AÇUCAR.
ACESSÓRIOS: frasco de vidro, funil, pedaço de algodão, garrafa para licor.
MODO DE PREPARAR:1) colocar o café com a aguardente num frasco de vidro e reservar por oito dias.2) numa panela, misturar a água e o açúcar e levar ao lume até formar uma calda em ponto de pasta, deixar arrefecer.3)misturar a calda de açucar com a aguardente e o café e filtrar, colocando um algodão no fundo do funil.
4) Colocar numa garrafa com tampa, de preferência bem fechada, e guardar em local escuro. Aguarde 2 meses para degustar, pois quanto maior for o tempo de envelhecimento mais gostoso ficará o seu licor.
Nota: Esta receita foi retirada do livro Claudia Cozinha especial , edição região sudeste. Mariana Castro
Sites consultados:
http://chefmarecozinhaeconta.blogspot.com/2009/05/licores-artesanais-uma-arte-milenar.html

http://pt.wikipedia.org/