terça-feira, 17 de dezembro de 2013

FLORES PARA FLORBELA




A Conferência de S. Vicente de Paulo de Vila Viçosa debate-se com dificuldades para poder ajudar todos aqueles que lhes pedem auxilio; assim, as Vicentinas resolveram prestar uma homenagem a Florbela Espanca, elaborando uma manta de rosetas em lã, que foi rifada, revertendo esse dinheiro para a Conferência. O Projecto teve a participação activa das senhoras idosas do Chá das Quartas -Feiras e de muitas outras senhoras que quiseram fazer rosetas. A supervisão e a organização do projecto esteve a cargo da Cristina Lopes, da Oficina da Borboleta Maria , http://oficinaborboletamaria.blogspot.pt . A colcha foi exposta no Cine-Teatro Florbela Espanca no dia 7 de Dezembro, pelas 15 horas, assim como foi inaugurada a exposição sobre o mesmo tema ( Flores para Florbela) com trabalhos elaborados pelos alunos das escolas de Vila Viçosa, que apresentaram trabalhos interessantíssimos.

O dia 14 de Dezembro foi o escolhido para se realizar a festa no Cine-Teatro e se proceder ao sorteio da manta.
A festa iniciou-se às 15 horas com um grupo de jovens bailarinas
 Performance " Flores para Florbela" , interpretação 100SATION, coreografia:Ana Cravo e Susana Nascimento, Mix de som: Ana Cravo, João Alexandre e Maria João Reis a partir da recreação do poema: "AMAR" de Florbela Espanca por Teresa Almeida.

15.30H - "Florbela" um diálogo Professora Doutora Ana Luísa Vilela e Tiago Salgueiro

Poemas musicados: Adelino Silva com um grupo de jovens músicos, Cecília Frade e Maria Zulmira Baleiro

16H - Conversa informal, chá, bolos e bolachinhas

17H - Sorteio da Manta

17.30H - Encerramento da exposição

Pediram-me para dizer alguns poemas de Florbela Espanca e assim eu escolhi estes :

Li um dia, não sei onde
Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
Contentam-se em ser amados

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Nunca fui como todos...
Nunca tive amigos...
Nunca fui favorita...
Nunca fui o que os meus pais queriam...
Nunca tive alguém a quem amasse...
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
Não vivo sozinha porque gosto
Mas sim porque aprendi a ser só...

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SAUDADES
Saudades! Sim...talvez...e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

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Foi uma homenagem a Florbela Espanca muito original e muito sentida. O clima de festa que ali se viveu foi muito apreciado por todos os presentes. Eu senti-me bem e feliz por poder participar neste projecto.
As conferências Vicentinas são associações de leigos Cristãos, vocacionadas para o auxilio aos "pobres envergonhados" e que hoje são consideradas de Solidariedade Social, que tiveram o seu início nos bairros pobres de Paris em 1833, devido à dedicação de Frederico Ozanan, que inspirou a sua obra na missão caritativa de S. Vicente de Paulo.
A humildade de Ozana e dos seus companheiros, que silenciosamente levavam aos marginalizados não só o  pão que necessitavam, mas também uma palavra de alento e esperança, de acordo com os ditames do Evangelho. O sucesso foi tão grande, que em pouco tempo as Conferências se difundiram por toda a Europa e passado meio século já estavam implantadas em Portugal.