domingo, 16 de setembro de 2007

HOMENAGEM A JOSÉ FALCATO VARELA

HOMENAGEM A JOSÉ FALCATO VARELA

Na sua casa de Lisboa, faleceu no dia 27 de Março de 2007, José Falcato Varela, com 75 anos de idade, após alguns anos de doença.
Grande apaixonado e amante do Alentejo e com tudo o que se lhe relacionasse, sempre dedicou os seus tempos livres à fotografia, à escrita, às viagens pelas aldeias e cidades, aos passeios pelos campos verdejantes e às pessoas do seu Alentejo.
Saiu, com 18 anos, de Casa Branca, aldeia onde nasceu e viveu a sua infância, e foi trabalhar como empregado de escritório, em Estremoz.
Em 1960, casou com Maria Emília Fragoso Chouriço, natural de Estremoz ; o casal foi viver para o Bairro de Santo António, que na altura, começava a tomar forma, na periferia da cidade. Aí constituíram família e nasceram os filhos.
Em Estremoz, começou a conviver com a elite intelectual da cidade e aí, continuou os seus estudos, desenvolveu e aperfeiçoou o seu gosto pelo cinema, pela fotografia, pela leitura e pela escrita; era um frequentador assíduo e apaixonado das actividades lúdicas e criativas que se realizavam na pacata cidade de Estremoz. Iniciou a publicação dos seus artigos, crónicas, contos e poesia, nos Brados do Alentejo, no Almanaque Alentejano e noutros jornais regionais.
Este eterno apaixonado, pelas tradições, usos e costumes do Alentejo, pela gastronomia alentejana, pelo convívio e conversa entre amigos, com quem, tanto podia trocar opiniões sobre um livro, como falar das festas anuais da aldeia, como falar da família, era um bom ouvinte e um grande conversador.
No início dos anos 70, devido ao fecho da empresa onde sempre trabalhara, decidiu procurar emprego em Lisboa, e mudou-se para a capital com a família.
Empregou-se como chefe de escritório, e ao mesmo tempo, continuou os seus estudos, ingressando na universidade como trabalhador-estudante; nos anos 80, depois de muito trabalho, muito estudo e muita luta, licenciou-se em Gestão e Administração de Empresas.
Em paralelo com toda a sua actividade profissional e de estudante, continuou a escrever e a publicar os seus escritos, crónicas, contos e poesia em jornais e revistas. Finalmente, publicou o seu livro de contos Aldeia Branca; quem lê os seus contos não pode ficar indiferente, à paixão, à autenticidade narrada da vida das gentes da aldeia, ao realismo expresso e sempre presente em cada palavra, em cada frase, que o autor consegue transmitir.
Os anos passaram, as filhas cresceram, tiraram os seus cursos superiores, casaram, nasceram os netos, que eram a sua maior alegria e orgulho.
Com o seu curso de Gestão e Administração de Empresas passou por vários empregos; o último, foi o de Chefe de Serviços, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, onde trabalhou e de onde saiu para se reformar.
Infelizmente, não gozou a sua merecida reforma como ele idealizava; sobreveio a doença e o sofrimento físico obrigava-o a abrandar e a ficar cada vez mais em casa. Ano após ano, a sua crescente debilidade física acentuava-se. Mentalmente e psicologicamente manteve-se sempre o mesmo indivíduo lúcido, curioso e interessado, até ao fim dos seus dias.
Manteve o contacto estreito com os amigos e a família, que ele sempre colocava em primeiro plano. Manteve o seu interesse por tudo o que se relacionava com a cultura, com a leitura, com a escrita dos seus textos, com o cinema, com o quotidiano de Portugal. Nestes últimos tempos, recomeçou a pintura a óleo, que já tinha experimentado em adolescente e que nunca mais praticara. Aí, José Falcato Varela revelou, mais uma vez, através dos temas escolhidos, das cores e da técnica muito própria, toda a sua verdadeira alma, a sua sensibilidade e a sua criatividade de artista.
Por tudo o que atrás foi dito, os amigos de José Falcato Varela decidiram juntar-se e prestar-lhe uma derradeira homenagem.
No dia 29 de Setembro de 2007, pelas 16 horas, será descerrada uma lápide, na parede da sua casa, na Rua Conde de Valença, nº 32, onde este homem nasceu, cresceu e viveu.
Convidamos todos aqueles, que o conheceram e que com ele conviveram, a estarem presentes, nesta simples cerimónia.
Texto publicado nos Brados do Alentejo e no Notícias de Sousel
Maria Zulmira Varela Baleiro

1 comentário:

Anónimo disse...

oi prof. zulmira, é o seu aluno e amigo antónio miguel. O seu blog está espectacular e as suas pinturas são fantásticas. Obrigado pela oportunidade que nos deu de conhecer alguem especial. A prof. é carinhosa, atenciosa e muito preocupada. Beijinhos e boa consulta.