quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Tenho saudades Do meu Alentejo

Ribeira de Fronteira ( Alentejo) 
Tenho saudades
Do meu Alentejo
Todo florido
É como eu o vejo
O cheiro a esteva
A urze também
E o rosmaninho !!
O cheiro que tem
A branca margaça
O pimpilho dourado
E com as papoilas
Ficava encarnado
E os passarinhos
Entre o arvoredo
Com os nossos gritos
Fugiam com medo
Com seu papo branco
A negra andorinha
Construia o ninho
Onde os filhos tinha
Corria a ribeira
D.água cristalina
Lavavam a roupa
Mesmo a mais fina
Era lindo vêr
A roupa a corar
A ouvir a rã
Na rocha a cantar
A cegonha branca
Andava a pescar
O peixe de prata
Pr.ó flho sustentar
O rebanho ia
A sede matar
Estava calôr
Ia-se acarrar
Poema de Maria Alice Colaço

terça-feira, 12 de agosto de 2014

FEITIÇO

Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
Fases de vir para a rua ...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.

Cecília Meireles

O PASSEIO DE BARCO

Era 2ª feira de Páscoa, e toda a gente foi comer o borrego de Páscoa para o campo.
O Padre da aldeia foi com um grupo de pessoas passar esse dia para junto da ribeira.
Depois do almoço, decidiram ele e uma senhoras muito católicas e muito temerosas a Deus dar uma volta no barco a remos do moleiro.
Quando iam no meio da ribeira, o barco começou a meter água. Ficaram todos muito assustados, ao verem a água a entrar para dentro do barco.
As senhoras começaram a rezar, e de mãos postas pediam a todos os santinhos que as ajudassem.
Então o Padre disse-lhes: - Oh minhas senhoras, ponham-se para aí a rezar e  não queiram chamar o moleiro e verão como isto vai acabar!!!

O AVENTAL

Um casal estava sentado ao lume, depois de um longo dia de trabalho no campo. Estavam os dois muito cansados. A mulher com o conforto do lume adormeceu.
O avental da mulher começou a arder e quando  ela acordou já  as chamas subiam pelo avental.
Oh homem porque  não me disseste  que o avental estava a arder? - perguntou ela toda indignada, tentando apagar as chamas.
Oh mulher eu não gosto de te dar notícias tristes!! - respondeu-lhe o marido com toda a calma

A CARROÇA

Um casal ia tranquilamente na sua carroça puxada pelo seu burrinho para o campo, quando se partiu uma roda, e a carroça ficou tombada.
A mulher assustada com o acidente, começou a rezar: - Valha-nos Nossa Senhora da Orada, valha-nos S. Pedro, valha-nos Nosso Senhor Jesus Cristo, valha-nos Deus!!!
O marido voltou-se para ela e disse: Oh Maria não precisas de chamar tanta gente, porque nós é que temos que levantar a carroça!!!

O CÃO

Um homem tinha um cão que estava muito magro e escanzelado. Um amigo ao ver o cão tão magro chamou-lhe a atenção para isso.
Ele respondeu-lhe: - Vestir e calçar é por conta do dono. A barriga é por conta dele!
O amigo não teve argumentos perante tal resposta.

domingo, 10 de agosto de 2014

EXPLICAÇÃO SOBRE O VIDEO

O fotógrafo Yoji Ookata há 50 anos explora a costa japonesa e fotografa as belezas subaquáticas. Recentemente, estava mergulhando e fotografando próximo a Amami Oshima, no extremo sul do país, quando viu círculos com padrões geométricos e perfeita simetria como Mandalas,  feitas na areia do fundo do oceano. Ficou instigado e foi observar mais de perto. Deparou-se com um peixe que com sua dança ia formando a Mandala. Na verdade, tratava-se de um baiacu em seu ritual de acasalamento.O peixe fazia a Mandala para atrair as femeas e depois de copular o lugar servia para a proteção dos ovos. Isso tudo a 24 metros abaixo do nível do mar.

河豚海底画图求偶

quarta-feira, 25 de junho de 2014

DOCE AMÉLIA

DOCE AMÉLIA
Quis fazer-te uma poesia
Lindas palavras diria
Mas não tive inspiração.
E por mais simples que fosse
O coração só me trouxe
Por ti, grande admiração.

Implorei com sentimento
Palavras vindas do vento
Pr’aquela mulher formosa.
Apesar da sua idade
Guarda ainda mocidade
E é linda como uma rosa.

Qu’importa os cabelos brancos
Olha! Não são assim tantos
E as rugas que o rosto tem.
Só tens é que ter vaidade
Pois tiveste a felicidade
De seres mulher e seres mãe.

Não tenhas pena Amelinha
De já não seres garotinha
Como ainda querias ser.
O tempo passa e não pára
E a gente nunca repara
Que a vida é água a correr.

Com amor  Lúcia Cóias

Estremoz,  25 Junho 2014

domingo, 22 de junho de 2014

CANÇÃO DE UMA SOMBRA

Ah, se não fosse a névoa da manhã
E a velhinha janela onde me vou
Debruçar, para ouvir a voz das coisas,
Eu não era o que sou.

Se não fosse esta fonte, que chorava,
E como nós cantava e que secou...
E este sol, que eu comungo, de joelhos,
Eu não era o que sou.

Ah, se não fosse este luar, que chama
Os espectros à vida, e se infiltrou,
Como fluído mágico, em meu ser, 
Eu não era o que sou.

E se a estrela da tarde não brilhasse;
E se não fosse o vento, que embalou
Meu coração e as nuvens, nos seus braços,
Eu não era o que sou.

Ah, se não fosse a noite misteriosa
Que meus olhos de sombra provocou,
E de vozes sombrias meus ouvidos,
Eu não era o que sou.

Sem esta terra funda e fundo rio,
Que ergue as assas e sobe, em claro voo;
Sem estes ermos montes e arvoredos,
Eu não era o que sou.

Teixeira de Pascoaes

in Primeiro livro de poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen

CARIDADE

Caridade é, sobretudo, amizade.
Para o faminto - é o prato de sopa.
Para o triste - é a palavra consoladora.
Para o mau - é a paciência com que nos compete auxiliá-lo.
Para o desesperado - é o auxílio do coração.
Para o ignorante - é o ensino despretensioso.
Para o ingrato - é o esquecimento.
Para o enfermo - é a visita pessoal.
Para o estudante - é o concurso no aprendizado.
Para a criança - é a protecção construtiva.
Para o velho - é o braço irmão.
Para o inimigo - é o silêncio.
Para o amigo - é o estímulo.
Para o transviado - é o entendimento.
Para o orgulhoso - é a humildade.
Para o colérico - é a calma.
Para o preguiçoso - é o trabalho.
Para o impulsivo - é a serenidade.
Para o leviano - é a tolerância.
Para o deserdado da Terra - é a expressão de carinho.
Caridade é amor, em manifestação incessante e crescente.
É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos, amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes.

Autor desconhecido