sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O monte do avô Perninhas
O monte estava já bastante em derrocada. Há muito que o avô tinha partido (1968) e por isso ninguém se interessou mais pelo monte. A casa onde vivia o caseiro estava toda destruída, as vigas do tecto tinham cedido à força do tempo e dos temporais e estavam todas caíadas dentro da pequena casa. A chaminé também não tinha aguentado os rigores do inverno e tomabara para dentro da casa. Impossivel entrar ali. Não havia nada lá dentro, a não ser os barrotes, os tijolos, as telhas...Nada estava lá dentro. Vazia e destruída como todos nós nos sentíamos. Sempre me angustiaram as casas destruídas, caídas e abandonadas. Parece que as casas morrem primeiro para nos avisarem que nada é eterno e que também nós, que ali vivemos, ali brincámos, ali nos sentámos a descansar ao pequeno lume de chão na chaminé, também nós, partiremos e nos desfaremos como as casas.
A Avó Amélia era ainda muito nova, a Marta tinha 5 meses e a Rita tinha 3 anos e meio.  Tinhamos levado um lanche para comermos, mas apesar do dia quente e soalheiro de Maio, não havia sitio para nos sentarmos. Os bancos que outrora ladeavam o monte estavam em derrocada... as ervas chegavam à porta da entrada,  ocupavam todos os espaços que podiam ser ocupados por nós. Sentia-se o abandono, era a falta do dono cuidadoso que quando via as ervas a crescer ia calmamente com o sacho retirá-las dos espaços que elas queriam ocupar... apetecia-me sair dali, não era aquele o espaço que estava na minha recordação, não queria viver e conviver com a destruição...

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