quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Eu estava sentada numa sala de espectáculos (ultimamente ando bastante
espectadora...) e ouvia, sem querer, a conversa atrás de mim. Era um casal e
ela contava que uma amiga comum fizera uma reacção alérgica a algo, de tal modo
que ficara a parecer "um bicho". Assim a descrevia.
Repetia a comparação, mas a conversa não acabou aqui. A parte mais interessante veio a seguir.
- Então perguntei-lhe o que é que tinha comido, e ela respondeu-me que nada, para além do habitual. E eu: "Nada, nada?". E ela: "Bem, para além do habitual só comi uma romã enorme, lindíssima, que a minha sogra me trouxe!". Aí eu disse-lhe: "Ah! A tua sogra tentou envenenar-te com uma romã... ".
Neste ponto eu não quis ouvir mais e o Universo fez-me a vontade, porque o espectáculo
recomeçou e eles tiveram de se calar.
A história soou-me vagamente ao universo das narrativas tradicionais, começando pelo jardim do Éden com a maçã e continuando pela mitologia clássica e contos tradicionais da infância. A fruta tem sido um bocado maltratada na literatura, associada a bruxas, madrastas, sogras e mulheres malvadas em geral. Até dava para fazer uma tese em torno do tema: "A fruta na literatura da malvadez". Qualquer coisa assim, já alguém terá pensado nisso?
E eu pensei: Se é verdade o que dizem os cientistas, que existem numerosos ou mesmo infinitos mundos ou dimensões, acredito que exista um universo onde as maçãs e as romãs não surgem associadas a envenenamento e em que as sogras são vistas como pessoas simpáticas, gentis e fiáveis.
Acredito num mundo em que as hipóteses para a solução dos problemas são múltiplas, criativas e não estereotipadas.
Se bem percebi (o que não é pêra doce, e aqui entra também em cena a pêra...) pelas leituras que fiz sobre a mecânica quântica e o Bosão de Higgs, o universo é consciente e em permanente criação e nós, observadores do universo, criamos o universo em criação. Um paradoxo muito difícil de resolver e mesmo de compreender.
Mas se é assim e poderemos estar ao mesmo tempo, real e potencialmente, em inúmeros universos, podendo escolher aquele em que está a nossa consciência, eu escolherei aquele em que maçãs, romãs e sogras são inocentes e em que as amigas não se envenenam mutuamente com histórias venenosas a cheirar a enxofre.
Se isso puder acontecer neste mundo, fico contente, porque é um mundo muito belo. Até porque está a aproximar-se um ano que imagino, acredito e antevejo muito interessante, excitante e ímpar. Apesar do número par, o infinito oito. Mas se é infinito, não é par nem é ímpar, ou é tudo, e nesse mundo que eu escolho, a sintaxe não é a do "ou...ou", mas a do "e...e". Assim sendo, neste mundo que eu escolho criar como gosto, as maçãs são oferecidas ao ser amado e são conhecimento, as romãs são sementes e são amor, as sogras são as mães dos companheiros e das companheiras e são amorosas.
Quero estar nele. Entrar nele nesta passagem de quarta-feira*, como no dia em que nasci, com lua crescente, a tender para cheia, como quando nasci. Que este seja um renascimento para todos, sob a bênção da lua, esse ser doce entre maçã e romã.
A história soou-me vagamente ao universo das narrativas tradicionais, começando pelo jardim do Éden com a maçã e continuando pela mitologia clássica e contos tradicionais da infância. A fruta tem sido um bocado maltratada na literatura, associada a bruxas, madrastas, sogras e mulheres malvadas em geral. Até dava para fazer uma tese em torno do tema: "A fruta na literatura da malvadez". Qualquer coisa assim, já alguém terá pensado nisso?
E eu pensei: Se é verdade o que dizem os cientistas, que existem numerosos ou mesmo infinitos mundos ou dimensões, acredito que exista um universo onde as maçãs e as romãs não surgem associadas a envenenamento e em que as sogras são vistas como pessoas simpáticas, gentis e fiáveis.
Acredito num mundo em que as hipóteses para a solução dos problemas são múltiplas, criativas e não estereotipadas.
Se bem percebi (o que não é pêra doce, e aqui entra também em cena a pêra...) pelas leituras que fiz sobre a mecânica quântica e o Bosão de Higgs, o universo é consciente e em permanente criação e nós, observadores do universo, criamos o universo em criação. Um paradoxo muito difícil de resolver e mesmo de compreender.
Mas se é assim e poderemos estar ao mesmo tempo, real e potencialmente, em inúmeros universos, podendo escolher aquele em que está a nossa consciência, eu escolherei aquele em que maçãs, romãs e sogras são inocentes e em que as amigas não se envenenam mutuamente com histórias venenosas a cheirar a enxofre.
Se isso puder acontecer neste mundo, fico contente, porque é um mundo muito belo. Até porque está a aproximar-se um ano que imagino, acredito e antevejo muito interessante, excitante e ímpar. Apesar do número par, o infinito oito. Mas se é infinito, não é par nem é ímpar, ou é tudo, e nesse mundo que eu escolho, a sintaxe não é a do "ou...ou", mas a do "e...e". Assim sendo, neste mundo que eu escolho criar como gosto, as maçãs são oferecidas ao ser amado e são conhecimento, as romãs são sementes e são amor, as sogras são as mães dos companheiros e das companheiras e são amorosas.
Quero estar nele. Entrar nele nesta passagem de quarta-feira*, como no dia em que nasci, com lua crescente, a tender para cheia, como quando nasci. Que este seja um renascimento para todos, sob a bênção da lua, esse ser doce entre maçã e romã.
( *Este texto
foi escrito, e pela primeira vez publicado, numa quarta-feita em
quarto-crescente, do velho para o novo ano)
Risoleta Pinto Pedro
http://www.unicepe.pt/
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