Não, não
iria cair na asneira de fazer o que na sua cabeça se formara há muito… morrer
Não tinha
coragem… era cobarde mesmo!!! Pensava nas diversas maneiras e entre tantas que
lhe surgiam, achava que todas elas eram estranhas e esquisitas.
Um saco de
plástico bem apertado à volta do pescoço, começar a respirar lentamente para
dentro do saco e aos poucos, muito aos poucos, começaria a desfalecer… talvez
fosse uma maneira… mas era demasiado banal…
Fazer um
cocktail de comprimidos, centenas deles, calmantes, antidepressivos, analgésicos
e outros que encontrasse na gaveta , batidos no liquidificador com fruta agradável,
como morangos, bananas, maçãs, limão, e beber de um trago um grande copo daquele sumo…
e depois…. Será que o estômago iria aguentar tanto liquido? o mais certo era
ter que vomitar tudo aquilo… não , não era a melhor maneira…
Enforcar-se,
pendurar-se de uma trave da casa numa
corda, mas nem sabia dar o nó? Nunca soube dar nós e ainda por cima, achava
horrível morrer de enforcamento, ficar ali pendurada a balouçar até que a
fossem encontrar… língua de fora… roxa…. olhos esbugalhados … também não era a
forma mais simpática que queria para morrer…
Com uma arma
de fogo????? Nem pensar!!!! Tinha horror a armas de fogo. Tinha horror ao
barulho do tiro. Tinha horror a pensar que ficaria com o corpo, ou melhor , a
cabeça toda estilhaçada…. sangue… miolos…. massa encefálica… tudo espalhado
pela divisão… e se não morresse? Pior ainda…. Pois ela pensava em morrer mesmo…
não queria ficar marcada para o resto da vida…
Teresa, conhecera há muitos anos uma mulher
que se quis suicidar com lixivia. Bebeu lixivia e o tubo digestivo ficou todo
queimado. E não morreu…
O esófago ficou de tal modo queimado que teve
que fazer uma cirurgia onde o esófago foi substituído pela tripa do intestino
delgado. Nunca mais teve saúde. Não podia comer quase nada.
Um dia, foi fazer uma endoscopia e descobriram-lhe
células cancerosas no intestino delgado que estava a fazer de esófago…sofreu
muito, foi operada várias vezes… e finalmente, depois de muito sofrimento para
ela e para a família, finalmente morreu… Durante mais de 15 anos, esta mulher
viveu num sofrimento enorme, e teve várias vezes oportunidade de dizer à
família que se tinha arrependido do acto estúpido de se suicidar bebendo
lixívia… Teresa sabia que nunca iria escolher esta forma de morrer!
Sabia que havia muitas outras formas….
Mas agora não queria pensar em mais nenhuma… todas as achava escabrosas… uma
desagradáveis para ela, outras desagradáveis para quem a fosse encontrar…
Iria continuar a ser cobarde… Afinal havia tanta gente a lutar pela vida… a
sofrer tratamentos terríveis para se manter à tona… e agora ela ia fazer esta
asneira??!!! O melhor seria esperar tranquilamente a hora… a hora que chega para todos…
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