Notas biográficas enviadas pelo meu amigo Hernâni Matos para preparação da Conversa com ... do dia 24 de Fevereiro de 2015
Desde os longínquos tempos do bibe e
do pião que é recolector de objectos materiais que fazem vibrar as tensas
cordas de violino da sua alma. Nessa conjuntura se tornou filatelista,
cartofilista, bibliófilo, ex-librista e seareiro nos terrenos da arte popular,
muito em especial a arte pastoril e a barrística popular de Estremoz.
Respigador nato, cão pisteiro,
farejador de coisas velhas, o seu olhar cirúrgico procede sistemática e
metodicamente ao varrimento de scanner no mercado das velharias em Estremoz, no
qual é presença habitual e onde recoleta objectos que duma forma virtual,
pré-existiam no seu pensamento,
O fascínio da ruralidade e o culto da
tradição oral, levam-no a procurar o convívio de camponeses, artesãos e poetas
populares, com os quais procura aprender e partilhar saberes.
A arte pastoril, um dos traços mais
marcantes da identidade cultural alentejana, integra as suas memórias materiais
de recolector. Para além do acto da colheita e mais que o fascínio da posse,
importa-lhe a possibilidade de dissecação de cada peça recolhida e a
cumplicidade com o autor no próprio acto de criação, constituindo um registo
para memória futura e uma afirmação vigorosa da identidade cultural
transtagana.
Perfilha há muito a ideia de que é
necessário estabelecer pontes de entendimento entre as pessoas, Já que a
partilha cúmplice de ideias e valores comuns, viabiliza a edificação conjunta
de arquitecturas, facto que induzirá e consolidará laços de união entre os
intervenientes.
Uma das muitas coisas que partilha com
os outros é a escrita, instrumento de libertação do Homem. Filho de alfaiate,
aprendeu a alinhavar palavras, que permitem cerzir ideias com que se propagam
doutrinas. Esse o sentido da sua intervenção cívica,
Escritor, jornalista e blogger
intervém em domínios como a História Postal, a História Popular de Estremoz, a
Etnografia e a Cultura Popular Alentejana, publicando textos, apresentando
comunicações e montando exposições temáticas e iconográficas.
Furiosamente independente, incisivo e
cáustico quanto baste, mas sempre preciso. Procura levar tudo às últimas
consequências e como franco-atirador do pensamento e da acção, busca fazer o
varrimento da transversalidade dos saberes.
Depois disso, a síntese dialéctica é
um ovo de Colombo nascido no cú da galinha da sua cabeça.
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