A minha filha foi ao Supermercado Modelo, a Estremoz, e trouxe-me um lombardo e iogurtes. Eu guardei logo os iogurtes no frigorífico, mas o lombardo como era grande e não me cabia no frigorífico, deixei-o em cima da mesa de pedra, dentro do saco onde tinha vindo.
No outro dia, da parte da tarde, resolvi pegar no repolho para o arrumar no frigorífico; quando o tirei do saco, caiu-me uma coisa ao chão, eu percebi que o tenir era de uma coisa de metal, fui logo ver o que era; era o anel de curso da minha filha!!!
Reconheci-o, imediatamente, pois fui eu quem lho ofereceu quando ela tirou o curso. Comprei-o ao Joaninho, nessa altura, o Helder trabalhava com ele, e foi ele quem mo trouxe de Sousel. Custou-me 40 e tal contos, pois é de ouro e tem a pedra azul escura do Curso de Letras. Para conseguir esse dinheiro, eu andei a fazer rendas para a revista Fada do lar, cuja sede ficava na Rua do Ouro, na Baixa; eu ia lá entregar as rendas e levantava as linhas, ganhei algum dinheiro com isso. Eu fazia as rendas ao meu gosto, e tinham que ser inventadas, pois não podia haver igual, visto que era para serem publicadas na Revista. A gerente ficava sempre muito satisfeita com os naperons e rendas que eu fazia, e todos os meus trabalhos foram sempre publicados na Revista.
Fui logo a casa da minha filha, que estava a chegar da rua. –“Olha lá filha perdeste alguma coisa?” e ela com os olhos muito abertos, pois não me queria dizer que tinha perdido o anel de curso, disse-me que não! Mal sabia ela que o anel estava no meu dedo!!
Eu tinha-o posto no meu dedo, e mostrei-lho e ela ficou muito admirada. – “ Oh mãe, é o meu anel!! Onde é que o encontrou??? Eu não lhe queria dizer! Não queria que a mãe soubesse que eu o tinha perdido!! Eu, até disse ao Zé: não digas à minha mãe, ouviste?! e repetilhe isso várias vezes!! E ele já um bocado aborrecido, disse-me: - Já me disseste isso várias vezes!! Descansa que não lhe digo nada!!”
Ela já tinha telefonado para o Modelo, a pedir à empregada que fosse ver na parte da fruta e da hortaliça, visto que lhe estava largo e podia ser ali que o tivesse perdido. Telefonou segunda vez, para o Modelo a perguntar se já o tinham encontrado e disseram-lhe que não tinham encontrado nada. Agora, ela vai para lá telefonar a contar o sucedido.
Vi na cara dela uma expressão de enorme alegria e não parava de dizer: - “ Mas, que curioso!! Ser a mãe a encontrá-lo!! E disse-me: - “ Eu ia comprar outro, para que a mãe não soubesse que eu o tinha perdido!!! mas já não tinha o mesmo significado!!! É inacreditável!!”
Ficámos as duas muito contentes por o anel ter aparecido.
No dia seguinte, veio com o repolho para eu lhe tirar a fotografia com ele, pois também a minha mãe estava bastante admirada com todo o sucedido.
1 comentário:
Esta história é deliciosa! E com final feliz! Só a minha tia Amélia!
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