sexta-feira, 19 de março de 2010

MÃOS…HERÓICAS MÃOS

Aos meus irmãos

Que deles é também

a génese e fluir deste poema


Celebro as tuas mãos, mãe!

Belas, ternas e delicadas

Mãos.

As tuas, mãe!

Longos dedos, fusiformes e sedosos;

Alvas

Suaves

Pacíficas

Inteligentes e cálidas mãos,

As tuas, mãe!

Mãos que me acolheram

Me afagaram

Me cingiram

Me apertaram

Me trataram

Me sossegaram

As tuas, mãe!

Mãos que me lavaram

Me vestiram

Me calçaram

Me pentearam

Me curaram

Me deitaram

Me taparam

As tuas, mãe!

Mãos que me ampararam

Me susteram

Me acompanharam

Me ergueram

Me sossegaram

Me adormeceram

Me acalentaram

Me prenderam

As tuas, mãe!

Mãos que com redobrada determinação

Me orientaram

Me moldaram

Me guindaram

Me mostraram

Me orgulharam

Me dignificaram

As tuas, mãe!

Mãos sofridas, solitárias, saudosas e tristes

Que com redobrada força e coragem

Me libertaram!

E duplamente me amaram,

As tuas, mãe!

Mãos que foram

Mãos que são minhas,

As tuas, mãe!

Mãos sacrificadas que a vida

Ludibriada

Fintada

Defraudada

Vencida

Revoltada

Com ironia legou à morte:

Pobres

Inertes

Gélidas

Pálidas

Exangues

Mãos que não foram

Mãos que não são as minhas

ESTAS AGORA QUE NÃO FORAM AS TUAS, MÃE!

José Falcato Varela s/data


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