quinta-feira, 15 de maio de 2014

O MEU BISAVÔ JACINTO - EU DOU, EU DOU!!!

O meu bisavô Jacinto André Varela, nasceu em Azaruja, em 15 de Agosto de 1860. 
Sabia ler e escrever. Com 18 anos, veio trabalhar para Casa Branca, como escriturário na Herdade do Mouchão, propriedade da família Reynolds.
 Sabe-se que os irmãos a tia Inácia, a tia Maria, a tia Guilhermina e o tio Manuel foram com a mãe, já viúva, viver para Lisboa, mais propriamente para a Rua da Caridade. 
Jacinto André Varela veio aqui para Casa Branca. Começou a namorar com Anna Rita Ferreira, natural de Casa Branca e casaram. Desse casamento nasceram dois filhos André Ferreira Varela e José Ferreira Varela ( meu avô materno).
Viveram sempre em casa própria, junto ao Adro da Igreja Matriz, no início da Rua da República, que calhou de herança ao meu tio Jacinto Varela e que ele vendeu posteriormente.
O meu avô como empregado de escritório desta grande casa agrícola, sempre teve uma vida desafogada. Para ir para o Mouchão, deslocava-se a cavalo.
Conta-se, que uma vez, o cavalo caiu dentro de um poço que não tinha protecção. Então o meu avô começou a gritar e a chamar pelos homens que trabalhavam na herdade, que o ajudassem a tirar o cavalo de dentro do poço, e dizia: " Tirem-me o cavalo de dentro do poço, eu dou, eu dou, eu dou!!!"
Os homens vieram e com muito custo e trabalho conseguiram tirar o cavalo são e salvo de dentro do poço. Então disseram-lhe: "Oh Sr Jacinto, então o que é que nos dá???"
"Oh rapazes, eu não lhes posso dar nada, não tenho nada meu, sou tão pobre como vocês!!" Respondeu prontamente o meu bisavô. Deve-lhes ter dado um copo de vinho e pouco mais !!!
Trabalhou durante 50 anos na Herdade do Mouchão. Quando já não podia trabalhar, veio para casa com uma pequena reforma dada pelos patrões. 
Ele gostava muito de beber um copinho, e como já não era novo, não aguentava muito vinho. Um dia, ia a cambalear para casa e passou o patrão por ele. Não gostou de o ver bêbado e tirou-lhe a reforma que lhe dava. " Oh, Jacinto olha como vais!!! se o dinheiro que recebes da reforma é para gastares em vinho, a partir de hoje, vou mandar-ta cortar!!" e assim aconteceu. A partir desse dia, deixou de receber reforma.O meu bisavô ficou muito triste e revoltado com o sucedido, pois tinha dedicado uma vida àqueles ingleses vaidosos e autoritários. Faleceu dia 18 de Abril de 1937, cinco anos depois da morte do seu filho José Ferreira Varela de 38 anos, de enfarte do miocárdio.
Casa Branca
Sempre me indignou muito esta história, pois vê-se bem a prepotência do patrão. Não se preocupou em saber se aquele dinheiro lhe ficaria a fazer falta ou não, simplesmente cortou e pronto. ( Afinal agora , eu reformada também estou a sofrer do mesmo, com os cortes nas reformas, que este governo faz indiscriminadamente e injustamente!).
Rua da República

Casa Igual à do meu bisavô

Herdade do Mouchão

Herdade do Mouchão
 Fotos de José Manuel Varela de Almeida Blog Aldeia de Casa Branca


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